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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1554]. Carta de Dona Isabel Moniz para Cristina, sua sobrinha.

ResumoA autora queixa-se das muitas necessidades que passa e do seu desejo de receber mercês do rei.
Autor(es) Isabel Moniz
Destinatário(s) Cristina            
De S.l.
Para S.l.
Contexto

A autora foi identificada como sendo dona Isabel Moniz, filha de um alcaide de Lisboa apelidado de “o Carranca” e moça de câmara da Rainha Dona Leonor. Sabe-se que teve dois filhos do rei D. João III antes de este contrair matrimónio com a rainha Dona Catarina de Áustria: Dom Duarte, que chegou a ser arcebispo em Braga, e Dom Manuel, que nasceu morto. A informação bibliográfica sobre a autora das cartas é escassa, dando-se nota que posteriormente foi, pelo menos, freira no Porto.

As duas cartas presentes (PSCR0061 e PSCR0062) aparentam fazer parte de um processo desenvolvido por Dona Isabel Moniz, para obter mercês, justificadas, segundo ela, por parte do rei. Existem, pelo menos, outras duas cartas dirigidas à rainha Dona Catarina, uma em 1554 e outra em 1561, nas quais pede a sua intervenção junto do monarca para a concessão das referidas mercês, para o que aborda a questão de estar a acautelar os interesses de uma “filha”. De facto, a primeira carta (PSCR0061) aparenta ser dirigida a esta filha. No entanto, segundo informações recolhidas, esta seria uma sua sobrinha, filha de sua irmã. Nesta carta surge a seguinte indicação de data: “era de quatro”, o que leva a crer que foi composta no ano de 1504, assim consideraram os arquivistas que organizaram o Corpo Cronológico. A comparação com as assinaturas de outras duas cartas do mesmo fundo permite afirmar que se trata da mesma autora. Pelos temas abordados, a carta será de 1554 e não de 1504, pelo que aqui se atribui à autora a omissão da década em que escreveu a sua carta.

Numa outra carta do fundo (Corpo Cronológico, Parte I, mç. 93, n.º 11), dirigida à rainha Dona Catarina, do ano de 1554, Dona Isabel Moniz queixa-se de graves injúrias que lhe foram feitas, não explicitando a autoria nem o teor. No mesmo ano de 1554, Manuel de Vasconcelos dirigiu-se ao rei, defendendo-se de falsidades e feitos protagonizados contra ele por Dona Isabel Moniz (Corpo Cronológico, Parte I, mç. 93, n.º 43), mencionando uma carta em que Isabel Moniz declara receber 200 cruzados anuais do rei, o que corresponde à primeira das cartas aqui apresentadas e ao apontamento feito por outra mão nela existente. Falou também de outra carta dirigida ao secretário do rei, Pero de Alcáçova Carneiro, a outra aqui apresentada (PSCR0062). Sem outra confirmação, presume-se apenas que as duas cartas que se transcrevem aqui correspondem às referidas por Manuel de Vasconcelos.

Em 1561 (Corpo Cronológico, Parte I, mç. 104, n.º 35), dirigindo-se de novo à rainha, Isabel Moniz voltou a lembrar o assunto dos 6 moios de mercê que lhe eram devidos e que não eram pagos há 3 anos. Além disso, pediu a “quebra”, ou seja, o adiantamento, de 20 mil cruzados para prover uma sua sobrinha, filha de sua irmã Dona Cristina, falecida alguns dias antes, afirmando ainda à rainha e mulher de D. João III ser a mãe de Dom Duarte, o filho ilegítimo do monarca.

Esta carta integra a coleção Corpo Cronológico, fundo documental à guarda do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Trata-se de uma coleção principalmente composta por documentação de cariz judicial e administrativo, que abarca o período entre 1161 e 1696, à qual foi acrescentado um vasto conjunto de material disperso na sequência do terramoto de 1755. A datação dos documentos é critério principal de organização do corpo Cronológico, assim chamado pela mesma razão.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita em todas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Corpo Cronológico
Fundo Parte III
Cota arquivística Maço 2, Documento 37
Fólios [1]r-[2]v
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcrição Tiago Machado de Castro
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Tiago Machado de Castro
Data da transcrição2014

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[1]
Jhus
[2]
snra filha minha
[3]
( do meu coracão

he verdade q os meus olhos vos ande ver

[4]
tão cedo como dezeis praza ao snor des
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q me de esforco pera acheguar a hese
[6]
tenpo porq fuy senpre tão mofina q
[7]
nuqua aquabei de ver cousa d algua
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minha cosolacão quanto mais esta de
[9]
mi tão desejada como sera ver a mi
[10]
nha dona xpina nos meus bracos don
[11]
de antão muora porq não quero mais
[12]
vida q ate cõvosquo desquasar e
[13]
deixarvos desquasada filha da
[14]
minha alma seja o despacho como
[15]
ds quiser e ouver mais por seu sirvico
[16]
q ẽquanto eu tiver o q ds quererar
[17]
q sua a me não tire aida q o faca a todo
[18]
o reino sepre sera voso porq ja não quero
[19]
nada senão pera vos e se for necesa
[20]
rio a vosa honra ir me meter na
[21]
madre de ds sobre minha vilhice
[22]
o farei porq ja são certa q os q mais
[23]
forão a minha chagua menos de
[24]
merceis tiverão e não me fiquar
[25]
de ser sua mai senão lagremas
[26]
e sõgeicois q não poso morer senão
[27]
padecer asi q vos não agaste

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