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Maarten Janssen, 2014-

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[1824]. Carta anónima atribuída a Hermenegildo José e dirigida a Joaquim de Mira, lavrador, e a sua mulher.

ResumoJoaquim de Mira ignorou a primeira carta de extorsão enviada pelo autor. Nesta segunda carta, o autor ameaça incendiar os bens do destinatário caso ele não cumpra tudo quanto lhe ordena.
Autor(es) Hermenegildo José
Destinatário(s) Joaquim de Mira            
De Portugal, Vila Viçosa
Para Portugal, Évora
ContextoJoaquim de Mira e sua mulher, Maria Joaquina, lavradores da Herdade dos Andrades (termo de Évora) eram alvo de ameaças contínuas por parte de um desconhecido. Temendo pelas suas vidas e fazenda, Joaquim mandou a mulher dar parte do sucedido ao major comandante das Ordenanças de Évora e mostrar-lhe as cartas que tinham recebido. Para que não levantassem suspeitas, foram aconselhados a fingir que iam cumprir as exigências das cartas. Foi assim que, graças ao apoio das ordenanças, se armou uma emboscada no local combinado para a entrega do resgate na noite de 15 para 16 de fevereiro de 1824. Surgiu pela estrada certo "maltês" de bordão às costas, abeirando-se daquele local ermo. Tratava-se de Hermenegildo José, homem casado de trinta anos e natural de Montemor-o-Novo. Eram cerca das oito horas da manhã e a sua presença era particularmente suspeita. Surpreendido por alguém que o estava a espreitar ‒ um dos militares das ordenanças ‒ procurou voltar para trás, o que acentuava as suspeitas de ser aquele o presumível autor das ameaças dirigidas ao casal de lavradores a quem se exigia dinheiro, pão e carne. Tentou justificar a sua presença naquele local dizendo vir de Viana e estar a caminho da sua casa, em S. Romão. Chegava, entretanto, o mensageiro dos lavradores ‒ um moço montado numa jumenta "com um alforje cheio de pão cozido, uma pouca de carne, e uma moeda de ouro" ‒ além da carta do lavrador (CARDS0014), em resposta às duas de extorsão que tinha recebido. Este criado logo reconheceu aquele homem, pois havia sido criado dos mesmos lavradores. Hermenegildo não conseguiu ludibriar os militares, que o detiveram, sendo então constituído réu num processo-crime. Descrito como possuindo "estatura ordinária, cabelo, barba e olhos castanhos", foi remetido da cidade de Elvas à ordem do Intendente Geral da Polícia. Pelas informações reunidas, ficava-se a saber que não só era homem muito mal conceituado, como já tinha inclusivamente roubado aquele mesmo lavrador. Uma vez detido na cadeia, confrontou-se a sua letra com a caligrafia das duas cartas (CARDS0012 e CARDS0013), confirmando-se serem os caracteres bem semelhantes. Com a constatação de ter sido criado daquele lavrador, tornara-se também óbvio ter sido por esta via que se inteirara dos bens que o casal possuía.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita no rosto do primeiro fólio e no rosto do segundo, com sobrescrito no verso do segundo fólio.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra H, Maço 2, Número 16, Caixa 15
Fólios 5r, 6r-v
Transcrição Sara de França Sousa
Revisão principal Cristina Albino
Modernização Ana Luísa Costa
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2005

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