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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1737. Carta de Domingas Rodrigues para o seu marido, Luís dos Santos, carpinteiro.

ResumoA autora critica o marido por não voltar para casa, afirmando que ele terá pouca desculpa. Por isso mesmo, recusa enviar-lhe o linho que ele lhe havia pedido, até porque, segundo sabe, ele tem vivido "limpo e abastado".
Autor(es) Domingas Rodrigues
Destinatário(s) Luís dos Santos            
De Portugal, Viseu, Cercosa
Para América, Brasil, Pará, Belém
Contexto

O réu deste processo é Luís dos Santos ou Luís André, acusado de bigamia. Após ter casado em Portugal com Domingas Rodrigues, aos treze anos, e de ter com ela vivido maritalmente por um ano ‒ casamento do qual nasceu uma filha chamada Maria -, Luís dos Santos teve de ir a Lisboa e, ao saber da frota para o Maranhão (Brasil), para lá se ausentou. Casou-se lá com Catarina Correia de Oliveira e com ela teve cinco filhos. O caso soube-se e, apesar de o processo já decorrer desde 1737, duas acusações foram formalmente feitas à Inquisição em 1744 por Manuel Cruz, cónego, a quem Luís dos Santos dirigira uma carta para saber da sua família em Portugal (PSCR0652), e por Manuel Rodrigues, homem residente no Brasil, que não conhecia diretamente o acusado. Luís dos Santos seria posteriormente sentenciado a açoites públicos e a cinco anos de degredo nas galés, de onde fugiu, tendo sido novamente sentenciado (Processo 516-1 da Inquisição de Lisboa) a cinco anos de degredo para as galés. Como prova da condição marital do réu, neste processo estão inclusas oito cartas, duas das quais da sua primeira mulher (PSCR0642 e PSCR0649).

Suporte meia folha de papel não dobrada, escrita em ambas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 516
Fólios 10r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300390
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Mariana Gomes
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Page 10r > 10v

J M J Cercoza 18 de m de 1737

Meu Rico Primo Resebi a Vossa Carta q estimei mto por nella Ver tendes saude Ds Vola aumte pa lhe fazeres mtos servisos e a min mos.

A minha gracas a Ds he boa hesta se aumenta com a esperança de vos ver e o mesmo sor me dilata a Vida e desvia da morte q não chegue pla sua devina mizericordia por talves me querer salvar dandome nesta Vida o meu porgatorio nas penas q padeso por voso Respeito: porq quem tem amor não o perde. e se o perde nunca o teve. fallo pois o meu amor esta sempre numa prepetua sentinella Vendo coando chegais a renderme desta cançada aflicão trabalhos baldados e penas cada ves mais: pois ve-jo os annos se pasão as frotas comtenuão em vir e vos tãobem continuais em me matar: pois nunca chegais: dandome a emtender q tendes perdido o amor a Vossa Patria e parentes tão bos e honrados como tendes pois Vos e nos samos os milhores deste- povo e não temos q resiar de q outrem nos fassa sombra sem embo de saberes tudo isto Vos deixais estar= no descanço dessa negra terra pa min pois tenho reparado q nella nunca tivestes maes q fosse hum assobio q mandares a hũa parenta q tendes de pouca idade pa mim mta pois tinha nasido pouco tempo antes q vos fostes e he a cauza porq de lhe chamar negra terra pa min: se he assim pa vos tirarvos della pois não tendes hum sinal de amor pa os vossos parentes: tiraivos ja della e vinde pa onde nasestes que donde vos conhesem honra vos fazem: e inda me pedis pano de linho não comvem mandallo o achareis qdo Vieres e a rezam de volo não mandar he q como he fiado a saliva da boca não quero se me fasão algũs feitisos pa me matarem: a justificacão q me pedes não vay- porq eu sou molher e não a ei de hir tirar nem tenho qm o fassa podeis tiralla q me dizem ha mtas peso



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