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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1790. Carta de Joaquim José de Santa Ana para o seu irmão, José Joaquim.

ResumoO autor aconselha o irmão a não brincar a respeito de certos assuntos, para que este não seja excomungado, e pede-lhe que o venha visitar no Natal.
Autor(es) Joaquim José de Santa Ana
Destinatário(s) José Joaquim            
De Portugal, Setúbal, Torrão
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Este processo diz respeito a um caso de bigamia envolvendo Ana Joaquina, de alcunha "a Respício", assadora de castanhas no largo do Limoeiro. Segundo o que é dito no processo, Ana Joaquina, natural de Évora e moradora na cidade de Lisboa, filha de Hipólito José do Carmo e de Natália Maria, casou-se uma primeira vez a 8 de outubro de 1773 com Alexandre de Mira Respício, almocreve e moleiro, tendo, depois, abandonado este para ir viver para Lisboa. Estando ainda vivo o seu primeiro marido, casou-se uma segunda vez com Anacleto José Gonçalves, oficial de latoeiro.

José Joaquim, destinatário da carta que se encontra no processo (PS2504), era natural da vila do Torrão, bispado de Beja, e morador em Lisboa. Fora o próprio quem denunciara Ana Joaquina na Mesa da Inquisição, a 24 de novembro de 1790, apresentando a carta como prova de que o marido dela estava vivo e dizendo saber, por ser seu vizinho, que ela havia casado uma segunda vez. A carta foi escrita pelo seu irmão, Joaquim José de Santa Ana, que se encontrava em Beja, dizendo ter notícias de Alexandre de Mira Respício, como resposta a uma carta enviada pelo irmão, na qual este teria perguntado por Alexandre de Mira Respício, velho conhecido da família.

Este primeiro marido da delata, Alexandre de Mira Respício, filho de Manuel Respício e de Catarina da Conceição, fora também interrogado a 24 de fevereiro de 1791, num quarto de uma estalagem, na vila do Torrão, pelo comissário Francisco Manuel das Brotas Zagalho. Declarou, então, que tinha 35 anos e que ele e Ana Joaquina, a quem chamava de Ana do Bom Sucesso, tinham feito vida marital por cerca de 10 ou 12 anos e tiveram dois filhos, que faleceram. Disse também ter ouvido falar do segundo casamento da mulher, em Lisboa.

Segundo consta do processo, Ana Joaquina e Anacleto (o suposto segundo marido), afinal, nem teriam chegado a casar, vivendo apenas de encontros fortuitos e morando em casas separadas, ele nas lojas do rés-de-chão e ela no primeiro andar do mesmo prédio. Não se sabe se a ré foi condenada, porque do processo não consta nenhuma sentença.

Suporte meia folha de papel, escrita no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Inquisição de Lisboa
Fundo Processos
Cota arquivística Processo 2819, 1º caderno
Fólios 4r
Socio-Historical Keywords Maria Teresa Oliveira
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Page 4r

Torrão hoje 10 de Novembro 1790 Irmão do C

Estimarei q estas duas Regas te axem desfrutando huã saude igual ao teo e meo desejo em conpanhia de minha conhada q a minha boa graças a Ds pa sempre para em tudo te dar gosto eu rreçebi a tua carta de q fis munto gosto por me dizeres estavam boms; fis o presente q tu fazes o tio alexandre ele te manda muntas saudades mais huã prima nova q brites do capitam mor q he cazada con Jozè Ignaçio carpinteiro açeita saudades de nosso pai e de toda a nossa gente en geral; a Respeito de rrespiçio q me dizes ainda vivo não zombem com iço porq tu cais em huã es-cominham grande e vei o q fazes vei não te asoseda alguma a esse Respeito; eu tive notiçias como vives mais tua molher por huú fereiro q veio de e veio a caza do padrinho João simoins e me diçe q tu eras seo vizinho q moravas a Sam lorenço o patio do castilhana q asistias em huma barraa q pagas seis mil Reis e mal acomodado e q tu hias buscar obra a caza dos mestres frojada e a vinhas limar a tua caza e q tu andavas para a fondição metendo empenhos e me diçe hum amigo q isso não prestava porq não se pagava senão de treze em treze mezes com q assim vei se podes xigar para o natal q temos q fallar porq eu mão posso hir; não tenhas o pai por descuidado q elé sempre está falando em voçes; dame muitas saudades a Joaquim sarugo mais o leonardo q estimo andem todos boms tambem me diçerão q Joaqm aprendeo a calafate man-dame dizer se he assim o não dame muitas saudades a françisco bernardo dame tambem muitas a minha conhada e abraço muito apertado q estimo a ssua boa saude e com is não te emfado mais açeita saudades minhas o xumbo q eu te mandei procurar não he em gram hos aRates em barra as aRobas deste teo Irmão q a vida te dezeja Joaquim Joze de Santa Anna



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