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Maarten Janssen, 2014-

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1614. Carta de Bárbara Pimentel de Leão para Fernão Rodrigues, cura de Santa Justa.

Autor(es)

Bárbara Pimentel de Leão      

Destinatário(s)

Fernão Rodrigues                        

Resumo

A autora, que no envelope endereça a carta a um João Gonçalves, pasteleiro, para ocultar o verdadeiro destinatário, relata uma viagem que fez a Paris e denuncia vários portugueses que se encontram em Ruão e se converteram ao judaísmo, pedindo ao destinatário que lhe envie precatórios para os mandar prender.

Texto: -


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[1]
e andão ja pubricamte com bonetes amarelos
[2]
Antonio faleiro irmão do dito andre faleiro, e genrro de felipe denis que mora nesa terra, se foi tambem pa veneza,
[3]
e inda não esta metido no gueto porque espera que desa terra venha seu sogro felipe denis, com seus dous gemros, filhas e filho, pa todos se meterem juntos,
[4]
e se vem á mão este felipe denis e seus gemrros farão petisão a el rei e pedirão lisemsa pa se virem
[5]
e dirão que vem a frandes a cazar algum paremte o porão outro sogeito
[6]
e eles vem pa o que asima digo.
[7]
fora hũa obra de mta mezericordia que nesa terra se lhe estrovara esta vimda pa que não viesem a perder suas almas.
[8]
seja ds louvado que lhe da fazemda e bẽis pa uzarem tamtas maldades comtra sua fee.
[9]
afirmo a VM que me fazem estas couzas ficar pasmada de ver a pouqua vergonha com que qua se fazem estes,
[10]
e VM emtemda como lhe digo que graviel ribeiro como tiver dro a de fazer o mesmo e que por iso he nesesario terse mto temto nele e fazelo prender pela semtemsa q esta em poder de frco d estrada escrivão dos corregedores do sivel.
[11]
mto estimei as boas novas que VM me da desa terra
[12]
queira noso snor que sempre VM de bem em melhor.
[13]
as que poso dar a VM desta terra, sam bem deferentes porque tudo val a pezo d ouro,
[14]
e agora perese a gemte porque este rei abaixa toda a moeda, e não ha aver comprar nada porque não esta inda averiguado a como an de valer, e emquamto se ordena nimguem quer tomar dro
[15]
e he lastima ver o que vai
[16]
a tudo ds acuda como pode e guarde a VM e lhe de mto boas festas melhoradas com boas emtradas de anos e tudo seja como lhe dezejo.
[17]
depois de ter esta escrito, me mandou çhamar hum prezidemte amigo meu desta terra, e me pedio mto escrevese a VM que por serviso de ds, e de sua fee, quizese VM dar ordem com que na emquesisão se lhe dese hũa sertidão por que cõstase as culpas por que se prendem nesa terra as pesoas por judias,
[18]
e isto por rezão que os portuguezes desta vila dizem, que o guardarem eles qua os sabados e jejuarem as segundas fras e comerem pães asmos e outras velhacarias que fazem, o fazem por ser custume de lisboa,
[19]
e com isto se defendem, e tapão as bocas a todos,
[20]
e pa que o rei emtemda que he tudo mentira, e que eles o não fazem senão por serem judeos, pa iso estimara mto vir esta sertidão, porque com ela os castigarão a todos, como meresem porque a gemte desta terra, não quer comsemtir que aja judeos nela,
[21]
e se comsemtem a estes he como digo por dizerem se governão ao modo da sua terra,
[22]
que como souberem pela sertidão que peso, ser mentira, os castigarão de maneira com que outros não tenham atrevimto de fogirem de lisboa pa se virem qua.
[23]
tambem nesta terra esta hum homẽ que VM sera lembrado fogio da emquesição, hũa bespora de sam joão por hum buraco que fes, o qual se çhama qua miguel de oliveira,
[24]
e comtamdo eu este cazo a este snor prezidemte me dise, que se da emquesisão mandasem hum precatorio que ele o prenderia logo, e o mandaria em hum navio prezo a esa sidade,
[25]
VM por serviso de ds e de sua fee mostre estes dous capitolos ao snor prior e o snor simão lopes, e paresendolhe bem isto que peso, mo mandem porque logo o farei embarcar
[26]
e se ele, se çhamava la outro nome que não seja miguel de oliveira, dira no precatorio que he hum homẽ que em lisboa se çhamava fulano, e que agora tem por emformasão se çhama qua miguel d oliveira
[27]
e çhamandose la este mesmo nome, bem pode vir direito, e por forsa a ha de estar o seu nome na emque-sisão de quamdo o prenderão.
[28]
e vindo este precato-rio dira
[29]
ao snor pro prizidemte e mais snores prizi-demtes, e as mais justisas da corrte de ruão,
[30]
e asim o precatorio como a sertidão que peso vira justificada por joão vel e luis godim e não por nhũm purtu-gues
[31]
e fasa VM isto como quem he pois he em serviso de noso snor que se me ele der vida eu farei q nhum judeu aja em fransa.
[32]
Barbara pimentel de leão

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