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Maarten Janssen, 2014-

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1692. Carta de Francisco Gomes Sardinha, vigário, para o presidente do Tribunal do Santo Ofício.

Autor(es)

Francisco Gomes Sardinha      

Destinatario(s)

Anónimo120                        

Resumen

O autor queixa-se de ter sido preso injustamente, relata as violências que tem sofrido na prisão e pede uma audiência.
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[1]
vores q devo a alma do sor Diogo velho irmão de va illma q tenho na mes
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ma estimação de meu amo, e sor como delle sempre me amparou das vezes
[3]
q andei embarcado com elle, nesta pasajem do brazil para o Reino, e muito per
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di com sua morte permitta Ds Lembrarse de sua alma, e comservar a va illma
[5]
em sua graça Devina com perfeita saude, e dilatados annos pa o bom guoverno
[6]
e direcção da prizidencia do soberano tribunal do sto officio, e amparo dos fi
[7]
eis, e comservação da nossa sta fee.
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[9]
Meu sor aos Illmos Senhores inquizidores do tribunal soberano q va Il-
[10]
lma prezide fis patente na frota passada e ao depois no navio do torrão, q par
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tio atras por cartas firmadas por mim, q na frota do anno de 88 intentava em
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barçarme a dar noticia de serta materia de mto grande pezo e concederação do
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serviço de Ds por cauza de me sobrevir hum achaque nos olhos q me privava a vis
[14]
ta não consegui, e na frota seguinte de 89 estando pa seguir viagem prendeu
[15]
me o meu B D Juzeph de barros de Alarcam, de q tambem dei parte aos dos se
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nhores, depois disso se moverão outras consequencias por me ter reteudo na prizão
[17]
sem recurço de me dar livramto, nem deferir minhas peteçoins, ou remeterme a
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S M q Ds gde de quem publicava era eu prezo pa poder ir dar satisfação de mim e
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do q nesta frota faço menção aos mesmos senhores, e em particular a V Illma
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[21]
Dous annos ha q me tem prezo con tanta avexação como he notorio a todos, e
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apurado eu de tam perfiada tirania de me não dar recurço a essas culpas, q me
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formou na vizita desta injustissa, e violencia fis fuga, e não da prizão fui a
[24]
buscar o sagrado das Igrejas, como tinha dito q era prezo da S M pa dali
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ir em minha liberdade perante a pessoa real, e dar parte do avizo q ti-
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nha feito aos Illmos Senhores Inquizidores; tanto q me vio nesta liberdade
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mandou publicar excommunhão q era prezo do sto officio pa q me não va
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lese a inmunidade, aos fieis, e com esta nos atimidou a este povo, e as relijio
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ins valendose do brasso sicular, e tiroume do Collejo da compa e tem me mais
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oprimido com ferros sem me querer remeter nesta frota, visto dizer de novo q
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sou prezo do sto officio, dizendo ate agora q era de S M, e deixame nesta pri
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zão dizendo q não he menos juis, e q tem avizado con tenção de me acabar
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a vida nesta prizão tam dilatada pa q não seja ouvido, emqto me vem re
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curço quer dar diante sua informação como lhe pareser pa pervaleser o seu
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odio, e tenção com q me chegou a este estado.
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Va Illma he christianissimo pa me deixar o meu direito rezervado, e ser tam
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bem ouvido qdo for; por emqto dou parte por maior, do motivo, e leve sospeita
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q teve de mim, pa uzar commigo de tanto rigor com poder do cargo. A total
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cauza e motivo q tomou pa me prejudicar na honra, fazenda, credito, e na pri
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zão q me tratou pior q a hum bruto; foi por eu confiar, e ofereser o necessario
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ao sindicante Belchior da cunha broxado pasando pella minha freguezia q
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se recolhia pa a Bahia depois de sindicar delle por ordem de S M sem ser eu
[44]
sabedor q rezido desta cidade mais de cem legoas, daqui nasceu toda
[45]
a minha ruina; como he odiozo, e vingativo, asim q chegou com a vizita tais
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diligencias fes por me formar culpas, comvocou a huma conjuração contra mim

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