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Maarten Janssen, 2014-

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1832. Carta de Plácido António da Silva para dois destinatários, a cunhada, Maria Carlota, e um amigo, António Isidoro de Almeida.

SummaryPlácido escreve à cunhada e a um amigo, provavelmente em código privado. Fala de roupas e dá as últimas novidades políticas, pedindo à cunhada que destrua a carta depois de a ler. Mais reveladores são os relatos que faz, na segunda metade da carta, a um companheiro, Almeida, que certamente partilhava as suas preferências ideológicas. Aí discorre sobre os últimos acontecimentos políticos e militares.
Author(s) Plácido António da Silva
Addressee(s) Maria Carlota       António Isidoro de Almeida      
From Portugal, Lisboa
To Portugal, Setúbal, Almada
Context

O réu do presente processo é Plácido António da Silva, cunhado de Maria Carlota, o qual, já preso, enviou uma carta (CARDS8136) a António Isidoro de Almeida, com a qual implicara o destinatário, que acabou também por ser encarcerado.

Na Intendência Geral da Polícia e na Corregedoria do Crime, desconfiou-se de que a carta (CARDS0051) contivesse expressões em código, mas, quando foi interrogado pelo corregedor do crime sobre o conteúdo da mesma, o réu defendeu-se, dizendo que nela "apenas tratava de assuntos domésticos com sua familia, e dava algumas notícias ja publicadas na Gazetta" (fl. 10r). Em termos políticos, há referências às dificuldades sentidas pelos generais miguelistas Póvoas e Gaspar Teixeira, bem como às atividades inglesas, particularizando a ação de Lord Russel (então responsável financeiro pelo exército inglês e futuro Primeiro Ministro de Inglaterra).

Support quarto de folha de papel dobrado escrito em todas as faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Collection Feitos Findos, Processos-Crime
Archival Reference Letra P, Maço 2, Número 10, Caixa 5, Caderno [1]
Folios 5r-6v
Transcription Sara de França Sousa
Main Revision Rita Marquilhas
Contextualization Miguel Cruz
Standardization Clara Pinto
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2009

Text: -


[1]
Carlota
[2]
Dezeijo-te saude e a todos.
[3]
Suspende por ora todos os teus passos e nada mais fassas sem eu te man-dár dizer porq como o Mel Jozé nem mesmo o Eusta-quio tomão intregue ó se encarregão de coiza algu-ma a respeito do Janoario por isso não tens q reçi-áres coiza alguma, e vâmos a vêr finalmente o que elle manda dizer sobre a tua correspondençia q lhe mandastes:
[4]
e como eu ainda desta vez lhe escre-vo vamos a vêr o q elle manda dizer, porque eu desta vez toco-o bem tocado em tudo e por tudo, cuja correspondençia ahi te remeto pa a vêres e mandares-me dizer se vai bôa e a teu gôsto;
[5]
porém tu des-ta vez não lhe escrevas porque eu mando-lhe dizer que tu está emcomodada de saude, e não lhe man-des asepipe algum.
[6]
Agora perçizo q tu ve-nhas o mandes a Lisbôa pa me mandâres para aqui essas coizas todas que ahi te pesso nessa relação q vai junta, para na quarta-feira lhe mandár tudo pa a torre;
[7]
as seroilhas ainda q as tenhas e feitas não as mande porque lhe não vão desta vez, e se as não tens ainda feitas então faze-as como elle diz pa lhe hirem pa a outra vez com os tamancos q elle pede, isto o que deves fazer, e não faças mais nem menos do q tudo isto que te digo.
[8]
m manda-me dizer do q se passar a respeito da gu- guarda-roupa o de outra qualquer coiza e não te esqueças da ma recomendação q queimares esta ma carta logo logo q a leias, e manda-me dizer se o Almeida terá queimado tudo q lhe tenho ma mandado
[9]
recomendações a todos, e manda-me dizer o mais q tu fizestes na sexta-feira,
[10]
ahi remeto as duas conrespondençias pa as tu guardáres, e juntamente o taxo e o pano que a Feleçidade me mandou com os linguados etc
[11]
não sei se me esqueçe mais alguma coiza, mas creio que não
[12]
o mais q houver de tudo te darei parte.
[13]
aDs
[14]
tem mais algum soçego que o que eu te dezeijo.
[15]
Teu mano Plaçido
[16]
Para o Almeida
[17]
Nada mais tem havido de notavel depois da-quella bôa e excelente fazenda q te mandei no outro dia, o mais q agora a parte do thelegrafaco dáda ao governo na 6a feira q diz asim- O General Gaspar Teixeira comandante em chefe do exercito de Operações em terra con-tra os rebeldes; reçebeo officios do comandante da esquadra de S Mage (e se sabe sua Mges-tade Miguelista) a qual se acha ancora-da no porto de vigo na Hespanha, onde entrou no dia 30 do mez passado;
[18]
o Serto-rio está ao com 12 embarcações para comprimentar o grande Je Feliz em tendo ocazião, pois o Almirante q comanda a esquadra Miguelista.
[19]
na 6a feira chegou huma Fragatta vinda de Inglaterra a Esquadra ingleza, veio pelo Porto porém apenas pode reçeber huma carta de hum coro-nel inglez q ali está encarregado de huma comissão particular. cuja carta mandou pa Lord. Russel q aqui está.
[20]
veremos o que sai daqui,
[21]
não trouçe mais nada por haver hum grande temporal no Porto.
[22]
O Telles Jordão o levou o Diábo da torre e os prezos es-tão livres daquelle malvádo,
[23]
foi nomeádo pa hir a toda a pressa tomar o comando da segunda devizão do Exercito em lugar do General Povoas q se deu por doente por vêr q a coiza não vai bôa.
[24]
aD

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