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Maarten Janssen, 2014-

PSCR9396

1620-1621. Carta de um autor não identificado para João Félix de Lima

SummaryO autor avisa o destinatário sobre o que se tem passado nas confissões dos presos.
Author(s) Anónimo539
Addressee(s) João Félix de Lima            
From Portugal, Lisboa
To Portugal, Lisboa
Context

As cartas PSCR9395 a PSCR9397 encontram-se no processo do padre João Félix de Lima, bacharel em Leis pela Universidade de Coimbra, sacerdote, artista e teólogo da Ordem de Nossa Senhora da Trindade, preso pela Inquisição, em 1620, por culpas de judaísmo. Em janeiro de 1621, o réu entregou na mesa do Santo Ofício um escrito de denúncia e as três cartas, duas delas (PSCR9395 e PSCR9397) enviadas pela sua irmã Antónia Gomes Freire, também ela presa, e outra (PSCR9396) escrita por um autor desconhecido, havendo a hipótese de ter sido escrita por frei Fernando de Mendonça (Frei Fernando de Mendonça, é também autor das cartas PSCR0336 e PSCR0337). Na denúncia, João Félix de Lima declarou o seguinte: uma noite, estando ele na sua cela com os seus companheiros de cárcere, ouviram umas pancadas. Heitor Fernandes, o Cego, disse “que aquelas pancadas queriam dizer que ele se chamava João Gomes e que tinha uma irmã que estava presa no corredor de cima, a qual dizia que estava firme, segundo as pancadas davam a entender, e que por sinal que a negra mandava recados ao fradinho, entendendo o fradinho por ele declarante que foi frade e a negra por a dita sua irmã à qual ele declarante chamava negra [Maria Gomes] por ser casada com o doutor António Gomes, cristão-novo”. E que os recados, os havia de dar algum conhecido seu, ou o doutor Nicolau Lopes ou o doutor Francisco Gomes. O réu fingiu que não tinha nenhuma irmã, mas as pancadas voltaram e Heitor Fernandes explicou “que queriam dizer que eram recado do Mendonça”. O réu perguntou de qual dos Mendonças se tratava (se de frei Fernando ou de frei Diogo, ambos frades da Trindade). Por pancadas, esclareceu-se que era o Mendonça Cunha, isto é, frei Fernando. Pelo que se infere deste relato e de outras informações do seu processo, João Félix de Lima escreveu e recebeu cartas de vários outros presos, entre elas das suas irmãs Maria Gomes e Antónia Gomes Freire, para além das três que entregou na mesa. Nas duas cartas escritas pela sua irmã Antónia Gomes Freire, a autora respondia às críticas que João Félix de Lima lhe teria feito por, durante os interrogatórios a que fora sujeita, ter denunciado várias pessoas; e afirmava ter revogado a sua confissão. Na verdade, como se pode ler no processo desta ré (IL11249), em setembro e outubro de 1620, Antónia Gomes Freire decidiu revogar a sua confissão inicial. Em 1624, foi condenada a cárcere e hábito penitencial perpétuo, sem remissão. Abjurou em forma, no auto de fé de maio de 1624, no mesmo auto em que a sua irmã, Maria Gomes (IL11194), relaxada à justiça secular por negativa, foi queimada. Em 1625, João Félix de Lima apresentou-se na Mesa por pedir audiência; quando lhe deram ordem para se sentar num banco, começou por recusar e, em seguida, sentou-se no chão, afirmando que não conhecia o inquisidor por seu juiz mas sim por seu inimigo; finalmente, já sentado no banco, queixou-se do ódio da Inquisição e dos seus ministros, que queimaram uma irmã sua, chamada Maria Gomes, nula e injustamente, e que obrigaram outra sua irmã, chamada Antónia Gomes Freire, a negar a fé católica. Para além das três cartas, o processo de João Félix de Lima inclui extensos escritos do réu dirigidos aos inquisidores e ao rei, com observações (e denúncias) interessantes sobre os outros presos e sobre o quotidiano da cadeia. Em 1629, João Félix de Lima foi degredado por dez anos para a ilha do Príncipe, onde morreu no verão de 1630. Testemunhas afirmaram que, pouco depois de chegar à ilha, João Félix de Lima "se metera em frutas da terra, adoecera e morrera e que lá ficara enterrado".

Support pedaço de folha escrito no rosto e verso.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 5138
Folios 59r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2305149
Transcription Teresa Rebelo da Silva
Contextualization Teresa Rebelo da Silva
Standardization Clara Pinto
Transcription date2016

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as causas de tantos tos falsos são q graviel vale dise ao Marsal q seu irmão era morto confeço e q suas irmas freiras erão prezas e q os q lha alevantarão testemunho era o ... Ant dias d agiar Anto correia e outros mtos q lhe dissem voses altas do coredor do meio novo pa a casa segunda junto a mesa q lhe ficava aberta sempre isto em voses altas q ouviu todo o coredor e parthycular frco gonsalves diogo lopes pinto companheiro do mesmo Alvaro d asevedo mateus lopes João bruno e os mais q todos estranharã ao dito vale diser tal q o dito Marsal perguntava pelas pesoas q estavao presas despois de noteficado sentenca de morte tas Alvaro d asevedo mateus lopes João bruno ouvi diser q a estevera com a snora silva e q despois a pasarão pa junto da snora esperancas q lhe devia de dar novas do q le pasava e a dita escreveo a Mateus lopes q a snora esperansa disião q queria morrer e q a não podia mais acudir a nada q Ds lhe perdoase o mal q lhe fisera mas q o faria por se salvar e q a hũa companheira ja a tinha feito confesar q era de leiria q dise se ja a suas irmas fezesem a mesma q a snora silva dise ao pataquas q por se vingar de vm iria de se cesar com o desengano pois vm a não quisera socorer em suas nescecidades q so salvarem a aconselhava e lhe disia o que avia de fazer e q ela em tudo segia sua ordem e q patacas dava conta ao irmão, de tudo o que fais a snora silva q era por ordem do q perguntado Alvaro d azevedo a Mateus Lopes como hia a dita snora tantas veses a tromento q lhe respondeu q ouvião seu irmão ate q por medo do tromento desião de defronte q dera nella com o que a leixarão.


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