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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1608

1711. Carta de Manuel Mendes Cunha, homem de negócios, para o seu tio, Manuel Mendes Monforte, médico.

SummaryO autor dá várias notícias ao tio, entre as quais a da morte da mãe dele, sua avó, e a de um tio, Luís Aires, e informa-o sobre questões de dinheiro, sobre os negócios de ambos, sobre comércio e esmolas que quer fazer. Pede-lhe ainda que lhe escreva sempre que algum navio partir da Bahia, pois há muito que a sua família não recebe novas dele, estando todos preocupados. Agradece-lhe o envio de vários alimentos, que afirma ter distribuído pelos familiares. Notifica-o ainda sobre as prisões, pela Inquisição, de várias pessoas de Castelo Branco. Tendo, entretanto, recebido uma carta do tio, acrescenta os seus agradecimentos pela missiva e descreve a alegria de todos pelas notícias recebidas.
Author(s) Manuel Mendes Cunha
Addressee(s) Manuel Mendes Monforte            
From Portugal, Lisboa
To Brasil, Bahia
Context

O réu deste processo é Manuel Mendes Monforte, médico de Castelo Branco, morador na Bahia, preso pela Inquisição de Lisboa por judaísmo em 1721.

Entre 1710 e 1711, muito antes de Manuel Mendes Monforte ter sido preso, houve uma vaga de prisões de cristãos-novos em Castelo Branco. Assim o conta Manuel Mendes Cunha, seu sobrinho, nas cartas que se encontram ao processo do seu tio. Entre os prisioneiros por ele mencionados, contam-se Lázaro Rodrigues Pinheiro, Ana e Álvaro Rodrigues, entre outras pessoas cujo testemunho serviria para acusar Manuel Mendes Monforte. Para evitar serem presos, Manuel Mendes Cunha e os seus irmãos tinham-se apresentado na mesa do Santo Ofício, confessando voluntariamente, pelo que foram mandados para casa até nova ordem, escapando, desta forma, à prisão. Assim se pode provar dos processos de Manuel Mendes Cunha e dos seus irmãos, Maria Teresa e António Mendes da Cunha, e da carta PSCR1610. No entanto, uma outra irmã deles, Juliana Maria, foi presa por 22 meses, como dá conta Manuel Mendes Cunha na carta PSCR1609, datada de 1713, na qual fala do seu regresso. Nesta carta, o jovem também se queixa da desgraça em que caíra a sua família, com falta de dinheiro para pagar dívidas e com os negócios a correr mal, algo de que este já se adivinhava em 1711.

As três cartas que se encontram no processo de Manuel Mendes Monforte, da autoria do seu sobrinho, provavelmente foram nele apensas para servirem de prova, talvez confirmando as afirmações feitas pelo réu no seu inventário, já que existem menções a finanças sublinhadas numa das cartas, ou talvez por conterem informações sobre pessoas que então se encontravam presas pelo Santo Ofício e sobre o próprio réu.

Support sete meias folhas de papel não dobradas escritas em ambas as faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 675
Folios 49r-55v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300553
Transcription Maria Teresa Oliveira
Contextualization Maria Teresa Oliveira
Standardization Raïssa Gillier
POS annotation Raïssa Gillier
Transcription date2017

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Meu Thio e Sr Mel Mdes Monforte Lxa 18 de fro de 1711 @

Com a cheguada da frota que Ds foi servido recolher a salvamto em 5 de 8bro pasado resebi todaz as cartaz que Vmce naquella ocazião me escreveo a que não poderei dar reposta com aquella largueza que dezejava maz direi o mais sinsial estimando igualmte eu e ma May e irmanz as notissias que Vm nos da de que passa de saude e ma sra Thia e queridoz primoz em q todoz saudozamte se rrecomendão e não menoz em Vmce a cujaz ordeis ofresemoz a saude que logramoz q a Ds grasas he boa e sera em s enpreguar no servisso de Vmce o mais pontual

Em tenpo que a esta corte chegou a frota me achava na Bra e parti de Alcais em 17 de do 8bro ficando a ma sra Avóo clara hes com a saude e na mesma forma a toda a mais familia de nossa obriguação maz foi Deoz servido levar pa sim a da sra ma avóo no dia dois de 9bro pella manham estando na noite de dia doz santoz seiando na conpa das pessoas que se achavão por ospedes naquela caza sem aquele tenpo lhe doer pe nem mão e indose deitar na mesma forma acharão pella manham com Ds com as maons postas pa o seo engrandesido seja o sro que asim o premite e na sua Devina Mezericordia confiemoz acharia em estado de grasa pa que esteja gozando da bem aventuransa que naquellez annos ja se não podião esperar muitoz de vida e pello que ja nesta padesia devemos dar grasas a Ds o tiralla de tão lastimozo mundo mas he sem duvida que senpre noz deve aconpanhar aquele sentimto que he justo termoz ao amor de May e avoo, que neste e en todo o que lhe a Vmce ocaziona pena e sou eu e ma May e mais sobrinhoz fiel conpanheiroz com Vmce a qem pedimoz se não desconsolle, antes sim se conforme em a devina vontade que asim o premite considirando que naquela ide não avia ja mto que esperar e que avia de espirar como hum pasarinho o mesmo sro que asim o dizpoz premitira aomentar a Vmce oz anns de vida na conpa de ma sra Thia Ma Ayrez de Pina, pa ter viva lenbransa da Alma de da sra defunta que eu e ma May em o que pudermoz noz não avemos d esqueser como por obriguacão nos corre e porque os disgostoz e ocazions de penas senpre Senpre quando vem são a pares direi mais que em o prensipio de Abril pasado foi tanbem Ds servido levar pa sim a meu Thio e sr Luis Ayrez estando somte tres dias de cama que em pte lhe fez o mesmo sro mta mce em o levar pa sim aleviando, do mto que padesia nesta vida que em tal tenpo mais se devem estimar o morrer que viver e mto mais a estes defuntos que era ja tão penoza a sua vida, e entre tantas ocazions de penas o que a Vmce posso segurar, pello que me avizarão he que se Vmce se achara em Alcais na ocazião do falesimto de ma sra avoo, q santa gloria aja se não faria o seu funeral com mais ponpa e grandeza do que fez meu pro Duarte Roiz Mendes que sentindo eu o não me achar naquela ocazião la nem aver tempo pa se me poder avizar me segurarão na fizera falta a ma asistensia pa que se deixase de fazer mais do que a terra prometia e que so naquela ocazião he que mtoz mostrarão serem amigoz de Vmce e que tem muitoz naquela Provinsia, o q he mto de agradeser no tenpo prezente, a ma May o maior sentimto que aconpanha cuja pena se lhe não olvidara nunca da memoria, he o ver que levou Ds a sua May sem que se achase com filho algum a ora da sua morte a sua cabeseira criando tantos, e que sem se despedir della se veio de Caslo Brnco pa jamais a ver, e com estas considerasoins anda continuamte lamentando sem ademitir razão alguma que eu lhe porponha, que lhe digo a Vmce a tem acabado bem este susesso, e mto mais na consideração do mto que Vmce ho ha de saber sentir e parese he Ds servido que não va Navio algum pa esse porto sem que nelle a Vmce vão novas que por tantas vias lhe motivem sentimto mas são coizas estaz que eu a Vmce não posso ocultar que a serme posivel o fizera so por conheser o mto que Vmce toma a peito e sabe sintir qualqr coiza e antes que pase a particulares de negosio he presiso dar a Vmce huma satisfasão ao que a Vmce avizou Cna Mendes

Mendez ma thia e sra como tanbem aoz avizos e notissias que a Vmce derão por cartaz sem firmas tantoz amigoz como devo ter e ainda que bem pudera pasar na prezente ocazião sem falar nestes particulares pareseria consentir na culpa se pasase em claro sem porpor a ma rezão ainda que Bem considero que como Vmce esta tão mal enformado que thenho sertto o não ademetir Vmce a ma defeza maz o que enporta he que eu obre Bem e que diguão o que diserem.

Ma Thia a Sra Cna Mendes se queixa emnadevertidamte em dizer que eu não asestia como nesesario pa sustento de ma sra avoo, q Ds tem porque he tanto pello contrario que senpre na sua mão e na de meu Pro Duarte Roiz parava dro meu ou pa milhor dizer de Vmce como inda hoje para, e que ella e do meu Pro me dei conta vão em conta que comigo ajustavão tudo o que guastava a da defuntta ficando essa conta na sua dizposisão e tendo eu pejo de mandar a Vmce tanta despeza lhe dise alguma fes que paresia mto guasto não porque deixase de pasar bem ma avoo maz sim porque podia passar bem e guastar menos, isto tomado pela boa rezão parese que he zellar a fazenda de Vmce e que mais se me devia louvar que criminar. vamoz aoz panoz de que tanbem fez queixa, em ocazions lhe dei dro adiantado pa elles como Foi sento e tantoz mil rs que agora Fas tres anns me vendeo de anil e cobrou, dandome dali a sinco mezes panoz por esta conta e carreguandooz por mais mo toztão e tres viteis emcuado de que valião em Alcais e se senpre lhe não dei o dro adiantado foi porque o não thinha pois não se tira com tanta faselide doz ifheitoz que hoje vem do Brazil como a da emmaguina pois emtende que o mesmo he vir des xaz d asucar que virem moedas de ouro do que logo se pode huma pessoa valler, e se eu me achara com cabedal Cabedal pouco Faria em suprir com elle mas so Ds sabe o q por ca vay que suponho que ella e muitoz o não crem, e en comcluzão conheso que Vmce da mais creditto as queixas que a da lhe fas do que a rezão que eu thenho, e asim não digo mais nada neste par que nesesitava de mais vagar e eu não me acho com mto e thenho outras coizas que me dão maior cuido emtre maons cujas direi a Vmce em carta a parte.

E em qto as notissias que a Vmce derão de meu viver e prozedimentto, desculpado este por mim e louvado parese enproprio, e como eu não saiba mais que falar verdade ainda que seja contra mim digo que verdade he como mosso thenho tido minhas verduras mas não em tanto eisesso como a Vmce avizarão e que talves a falta de prema de Pais me fiseze cair nellas mas posso a Vmce segurar que depois que considirei no que me estava bem tanto pa ma saude como pa ma salvação que avera ja dois anns e mo pa tres me retirei de tudo aquillo que me podia projudicar e talves me obriguase a fazelo mais que tudo a consideracão de que Vmce se não desgostase comigo pois não thenho outrem hoje de Ds aBaixo a qem dezeje fazer a vontade mais que a Vmce e a ma May. e asim digo que desde o tenpo que ag a Vmce asima rellatto a esta pte não so não se me da que Vmce mandara tomar emformasoins do meu prosedimto mas sim o estimara pa desmentir todo o mão conseinto que Vmce de mim tiver formado, E comfio em Ds que venha a tenpo Em que Vmce venha a estar neste conhesimto e se isto não Basta pa q Vmce se desapresuada, de todas as notissias que tem en contrario destas terei entendido q he disgrasia minha pois con tão pouca rezão me querem malquistar com Vmce Com Vmce e tirei pasiensia que eu não poso livrarme de inimigoz e talves que alguns dos que a Vmce escreverão me fasão a mim pontas de pratta, eu meu Thio e Pro não inoro o que me convem nem menoz me esqueso daz obriguasois que thenho e mto mais considerandome no estado em que me vejo en que meus pecadoz me puzerão maz se Ds asim o premitio que remedio mais que confortarme com sua devina vontade que ja sei nasi nesta vida pa nella andar arastado e que pa Mim he que nan serão az lidas e aflisois deste mundo o q nada sentira se me não vira com a cargua de tres irmans. mas engrandesido seja o sro que mais meresem minhaz culpas do que oz castigoz que me tem dado.

Vmce me dis numa sua que se oz lucroz desta corte não cheguarem aos guastoz, que he de pareser me mude pa Casto Brnco, Covilham Abrantes ou outra alguma terra adonde possa ter conviniensia, ao que respondo, que se este votto e rezulsão Vmce mo dera ha sinco ou seis anns a esta pte que o podia eu tomar mas que no tenpo prezente me não acho capaz de poder hir pa terra alguma daz que Vmce me aponta por não ter com que poder por huma logezinha pa hir pasando, e se eu vai em oitto anns que estou nesta corte não estivera fiado em que Vmce nella sem me dar nada do seu me poderia ajudar e dar negossio largo por sim e por outrem não so. com que pudesse sostentarme maz sim ajuntar alguma coiza, tivera eu ao menos mudado de terra e ido pa outra donde oz gastoz fosem menoz, e com ese pouco com que me achava puzera huma loguinha pa hir sustentandome, o que me fora milhor e não estar esperando huma frota outra frota e o negosio senpre sem mais aomento, pois bem sabe Vmce que d alem do que perdi na Invazão do Inimigo em Casto Brno, tive annoz de Lxa com pouco negosio e huma familia tão grande, se tera guasto esta caza não so, o pouco que que lhe ficou dos dois Inimigoz que a roubarão mas sim, o alheio, maz não sei se ma May tem alguma culpa em não tomar o meu bom ou mao conselho que logo lhe dei no pro anno de Lxa que era que nos fosemos fora della pa as nozas terras donde eu me avia criado com aquele negosio que elas premitião mas parese que tudo vem detreminado por Ds que quando a Roda prensepia toda a deligensia que se faz pa ter mão na furia the balda demazya não tem remedio o que emporta he buscar modo por donde possa remar e ver como hei de sustentar esta caza. ora meu thio e sro basta de relatorio que leva consigo tantaz ocazions de penas e pasemoz ao mais em que thenho que falar.

Dou notisia a Vmce em q meu thio Custodio da Cunha Brandão se acha nesta sua caza de Vmce que veio de fransa em 7 de 8bro a tratar de que deixou neste Reino movendo a isso não so as nesisidez que naquele pasava como o querer satisfasão ao que devia porque ficando na mão de huns estrangueiroz chamadoz Bejamon Roballo e Pedro Roballo, o milhor de des ou doze mil cruzados em xaz Rolloz e outras mais fazendas com ordem que daqueles efheitoz carreguasem a Vmce e a meu Thio e Sro Mel Mendes Monforte tanto que lhe pertensia estes tais o não fizerão antes lhe escreverão em carta que lhe agora me mostrou o seguinte the o prezente não temos carreguado coiza alguma pa a Ba o que faremos a seu tenpo Vmce de lla lhe não escreva porque noz teremoz cuido de o fazer de ca e temoz retido em nosa mão as cartas que Vmce lhe tem escrito em forma a que esta mesma carta que foi feita em 702 dos tais estranjeiroz serve hoje de clareza pa do Custodio obriguar a estes tais e vendo elle que se pasava hum anno outro anno sem que eses homeis lhe mandasem coiza alguma e menoz desem conprimto az suas ordeis cauza por onde o terião em ma conta se resolveo a deixar sua molher e filhos e vir a este Reino com tanto Risco como Vmce deve con

considerar asim de por este negosio corrente e satisfazer a qem deve. segundo o que parese deve ficar dezculpavel em pte a falta que nele se tem eixprementado pois diz que a sua tensão nunca foi o levantarse como alheio, hum dos tais estrangueiroz morreo ficou o conpanheiro a qem tem falado varias vezes querlhe paguar com palavras maz elle que ja esta enfadado o detremina mandar sitar esta somana que noutra forma não cobrara nada, qra Ds o consigua o q não duvido pois tem cartaz suas em que dão clareza do que ficou em seu poder que cobrando tem Vmce serto a serem pagoz o que eu parmte estimarei e ese he todo o seu desinio, elle escreve a Vmce e dira o que ha neste par mais miudamte

Em 15 de fro chegou a este porto huma Balandra digo huma sumaca desa Ba com avizo do levantamto de Pernanbuco, e que o mesmo hia susedendo nesa Cide em rezão do mto que se querião apertar os lavradores do tabaco e tendo toda esta corte cartas me ademira e fico com cuidado em ver que eu não tivese ao menoz duas regras de Vmce ou de meu thio o sr Mel Mendes pa ao menoz estar dezcansado e saber que Ds os conservava em pas e na verdade não sei que cauza ouvese conhesendo Vmce o qto o amo, e lhe dezo pa deixar de m ezcrever sabendo que estamos todos com oz olhoz longoz vendo quando vem algum Navio dessa pa termoz novas de Vmce que tanto sabemos estimar, e ja na frota de 708 Vmce me fez o mesmo deixandome de me escrever no Pataixo que veio diante de avizo fazendonoz estar emthe que chegua frota com o coracão em tallas como agora fiquemoz the que Ds seja servido que por algum caminho thenhamos novas de Vmce que o mezmo sro premita noz venhão boas maz pesso a Vmce que en todaz a ozcazions que se ofresão d embarcarsões pa esta me escreva ao menos duas Regras que he emposivel que dese porto possa partir Navio algum sem que Vmce Vmce tenha notissias de que parte que mais Fasil he o hir desta corte sem se saber e que pasase por mim semelhante descuido não era tanto de adimirar.

V oz 120 moz de solla que Vmce me fes favor mandar de minha conta nesta frotta do prosedido da carreguacão de Vestidoz e tafetaz, e vejo o mandar Vmce aqueles pa as minas. por não aver qem oz conprase, e como esta carreguacão foze de meias com hum cxro que foi noso Patrisio Ribro guimez como a Vmce thenho avizado não sera rezão que vendendoze os tais vestidoz por menoz do que Vmce no loz pagua que fasa esa perda por conta de Vmce mas sim pela nosa que bastante favor nos faz Vmce em nos mandar o retorno sem ter vendido os ifheitoz e deste acordo fiquemoz que ja que Vmce noz fez favor de querer fazer o dezenbolso não he justo que seja ainda com mais perda e vindo como digo das mynas vendidoz por menoz Vmce me avize pa restetuirmoz o que restarmoz.

Mel Roiz da Costa carregou por sua conta a entreguar a mim pa lhe benefisiar novesentoz e tantoz meios de mui ruim sola que inda a boa foi este anno o pior guenero eu me thenho visto bem emfadado com da solla pa ifheito de a despachar e paguar frette em cuja deliguensia he forsozo se fizese o dezenbolso de 500 U ou 600 U e unicamte lhe tenho vendido a dro 140 moz doz maiores a 2400 rs e 143 - dos dittoz fiadoz a 2620 e duzentos mais fiadoz a 2400 - e 2350 rs que pa a calide e tenpo parese fis boas vendas e tomara deitar fora a mais. maz duvido que nesta ocazião de mco se possa o do costa valer de alguma coiza pa poder carreguar que não sei se pa ese tenpo cobrarei de qem deve mas não tem que me tornar culpa pois bem lhe consta a diliguensia que lhe thenho feitto por sua venda que the a goleguam fui e a que levei a vendy fiada por não tornar a trazer, asim que sola ou boa de cabesa ou não a mandar tratto pa logo de la se tirar dro, que so sendo vendida com vaguar tenpo

tenpo adiante he que tera sahida, A cauza de Agravo com Luis Mendes de morais em que pede des mil cruzadoz de injuria fica na mão do pro juis suponho termoz sentenssa a nosso favor e nella não tem feito coiza alguma frnco da guama soeiro, mais que con palavras de q he abundante, a outra cauza sobre o Pataixo com do Morais sahio dias em pte por noz e noutraz contra, porque confirmarão a sentensa que desta rellação veio, o nosso letrado me dis que avemoz de enbarguar e neste particular ezcreve mais larguamte a nosso thio e sro Mel Mendes hum Palisitto Zurita amo de Anto da fonca tavares a qem do sro nosso thio ezcreveo pa tomar a seu cargo da cauza, e eu emcarreguei a do Zurita por me pareser homem de satisfasão a cauza da injuria e pa anbaz lhe thenho asistido com o dro nesesario.

Resebi az vinte e quatro xaz de 36 que Vmce nesta Frota carregou por sua conta, consinadas a mim cujas ficão vendidas vinte e duas a mil e sincoenta rs e duas a mil duzentos e vinte e suposto Vmce m encarrese tanto sua calede comrezponde mal o que Vmce me dis com o que ca se vio pois furando as oito que vinhão com o mtre Po Lopez dos Reis no Navio N Sra da Nusiada digo N Sra da Piede az achei todas oitto tão infriores de umidas e pretas que em lugar de deverem ser Brancas erão cor de tabaco como podera a Vmce dizer João Rois da Costa que lhe mostrei as mostras e estive pa az mandar a Vmce pa que az visse e considirando eu que az mais asim sairião achei conviniente o fazer venda delas e folguei mto achar qem dese a 1050 rs por @ cativa em tenpo que do Ryo se venderão asucres B que provarão bem este anno por menos e muitos machos da Ba se venderão por onze doze toistois, asim que me ademiro o que ca mostrarão os Batidoz, guauardomoz Vmce tanto e que alguns erão milhres que B machos e quem os conprou foi por ver a carta de Vmce que lhe mostrei e agora vendo como lhe saiem lhe saiem, pello contrario, me dis que jamais tornara a conprar az caixas sem az ver primeiro, the qui inda me não thenho embolsado de sua enportansia suposto az vendese a dro mas deume humas letras que thenho mandado cobrar, e o conprador he pessoa segura

E Fico de acordo pa a seu tenpo Fazer o enprego em oz panos de Covilham e alcais e algunz estragueiroz seguindo tudo o mais que Vmce me ordena, e oz taxonadoz da Covilhã espero brevemte por eles e dezarei venhão a tenpo de poderem hir nestas Naoz que partem em mço.

a ma Thia Cna Mendes d alcais thenho escrito varias vezes pa que avise oz panos que tem prontos e the o prezente me não tem respondido, antes me parese o não ter nenhuns porqto meu Pro Duarte Rois Mendes foi pello Natal a Bragua com humas carguas de panoz que conprou e deveo levar alguns que da ma thia thinha feitoz isto tendolhe eu avizado que todoz os panoz que fizese me remetese comforme a ordem a Vmce maz como agora os panoz tem tido sahida e se tem mandado tomar todoz oz azuis por el Rei pa vestiaria dos soldadoz não nesesita a dita que Vmce lhoz acomede como lhe mandou dizer em serto tenpo por não ter qem lhoz andase vendedo pellas feiras sem embo que agora ja tem qem lhe posa fazer esta diliguensia pois tem de portas adentro hum irmão seu chamado Bal Lopes fo do Ldo Frn de Luna cujo irmão nunca lhe ouvy nomeiar senão agora e pa o ter em caza, se apartou ha hum anno da conpa de ma sra aVoo, que Ds thenha em gloria e da de minhas primas, mudandose pa a Rua Longua, esta notisia dou a Vmce porque suponho ella tãobem o faz e veio a cair pa dar conta da rezão por que nesta ocazião não poderão hir panos d alcais tanbem fico emtregue do fxo

fxo d asucar que Vmce manda a sua sobra juliana, de que a Vmce rende az grasaz pela lenbransa que tem dela, e não menos eu pello sinette maz o meu intento não era a q vmce ficase sem elle por mo mandar a mim mas he pa ter mais q a Vmce dever, ma May irmam d Vmce e eu e mais sobrinhoz pello que nos toca, agradesemoz a Vmce o mimo dos Boioins de dosse e guergelim que foi este anno huma das coizas mais estimadas. E não menoz agradesemoz a Vmce e a meu Pro e sro Marcoz Mendes Monforte a farinha de pao de que eu ja vou gostando e Baris de mel cozido, de que oz sobrinhoz são particular, amigoz que tudo chegou eixelente e bem acondisionados

os Boioins de Joze pa meu thio Mel da Cunha de olivra de casto brnco remeti eisetto hum que se cobrou no Navio cujo mimo elle estimou mto maz ademirame q não viese carta com eles pa o do; os dois boionis pa ma sra avoo; que santa gloria haja remeti logo pa alcais mas ja não cheguarão a tenpo que da sra defunta comese delles os Bilroz, mandei tanbem pa quem vinhão e oz doiz fxoz d asucar pa minhaz Primas lhe entreguarei em saindo do Navio que inda estão a bordo com oz mais que nelem vem de cujo rendimto Vmce manda dar az esmollas que ordena a joão Rois da Costa ou a seu irmão e eu me vejo aqui preseguido daz pessoas a qem vem e por mais que lhe digo que esa reparticão e diliguensia emcaregou Vmce este anno ha hum sojeito, o não queren crer, e asim eu disera a Vmce que quando ouvese demanda algumas ezmolas dese sua enportansia em dro a qualqr destes amigoz pa que logo que cheguem se darem q he o por que ezpera a cada hum que vem, e logo asim ezcuzarão de se queixar de mim nem do outro a qem venha emcarreguada esta diligensia entendendo que por omisão dos comisarios he que se dilata o daremselhe a ezmola que lhe mandão, o que suposto em vindo pa Alfandegua oz seis fxoz que Vmce manda pa az ezmollaz esmolas que ordena se dem, Farei venda deles e seu prosedido entreguarei a ditto Mel Rois da Costa pa seguir sua ordem adevertindo a Vmce que o rendimto dos seis fxoz não chegua pa o que Vmce manda dar e hão de faltar o milhor de 15 U ou 18 mil rs e ma May he de votto que az esmolas se dem por enteiro como Vmce ordena, porque entende que asim o levara Vmce em gosto. os dois fxoz entreguares a elena nunes e a sua cunhada izabel gomes Em saindo do S Offisio pa onde az prenderão e a todoz os mais que vinhão em sua conpanhia, asim que chegou o Navio a esta side E a elle oz mandarão Buscar, premita Ds. livrar a todoz, e não perdoar a qem com tão pouca rezão dezenqueiatou esta jente Rezão por que eles agora o vão fazendo a toda a Beyrae tanbem prenderão ja em casto Brnco huma Anna Rois molher de Anto Rois Pra e em idanha a nova hum Alvaro Rois boticario irmão desta tal e a duas irmans mais donzelas e por nossos pecadoz pasara isto a mais nesta corte se achão ha mes e mo Lazaro Rois Pinhro Cna Nunes E seus filhoz o Dor Thomas Nunes Morato e João Rois Morato e dois filhoz de Illena Nunes chamadoz hum Lourensso Nunes e outro Mel Nunes Idanha, E esperase brevemte por ma Prima Clara saber e mais algumas pessoas que paresse tem negosio que presizamte os obriguase a vir a esta corte e se os mais fizerão o mezmo ezcuzarão de eixpermentar o que tem eixpermentado, e em outra a parte direi a Vmce mais miudamte o que se me ofrese neste e noz mais particulares.

meu thio o sro Manuel Mendes Monforte me estranhou mto a remessa que lhe fiz doz chapeoz finoz que ofresi a meus Primoz e a do sro dizendo que elles não ezperavão que eu lhe mandasse nada e que quem não thinha que não dava eu se o fiz foi por votto de Vmce asim que Vmce me deve dezculpar com do sro porque en tudo dezejo fazerlhe o gosto e não menos a Vmce.

Depois de ter esta feita, me chegou a mão em 20 do corrente fro uma escrita em 2 de 9bro e vinda na sumaca de lisensa que chegou em 18 do do fro como atraz faso mensão e não sei por que via veio; e a estrada que recolho, a da carta em caza; que julgo ezcuzado emcareser a Vmce o qto todoz o estimamoz pois o deve fiar Vmce que a Vmce amo, e venero, e mto mais por termoz o seguro de que Vmce e ma

e ma sra thia Ma Ayrez de Pina e toda a Familia de caza de nosso Thio e sro logrão a saude que lhe dezejamoz e pesso a Ds lhe conserve por dilatadoz anns Livre de seus Inimigoz, e seguro a Vmce que forão estaz notisias pa noz a de maior alegria pois nos livrarão do cuido com que estavamoz de não achar cartaz no corro quando veio a sumaca rezão por que me avia queixado nesta carta de Vmce me não aver ezcrito, e por ella vejo, tello Vmce feitto pelaz Ilhaz, que inda the o prezente não thenho Resebido e vejo a notisia que Vmce me de que são ja quatro os meninoz q nosso sro foi servido darlhe e que o ultimo que nasseo se lhe poz por nome Marcoz de que a Vmce damoz mil Parabeis e premita Ds nasão pa seu santo servisso

E A Mel e João Rois da Costa fiz prezente a d Vmce que parmte estimarão, este he o portador desta que partira ao depois d amanham na Nao de S Altheza que vay de lisensa e Ds premita levar a salvamto e elle dira a Vmce o que valem hoje oz azeites e agoazArdentes e az poucas que ha e não sei se em o mco lhe poderei carreguar algum por conta da solla que seu irmão me consinou porqto o não querem deixar emBarcar, farinhaz tãobem nesta valem caraz e hirão poucas por não aver trigo da terra pa se poderem fazer, Baietaz prettaz crepe fio e cordovão he o que mais depresa podera hir em avendo ocazião, se bem que este tanbem hoje val caro que se vende o bom a 6 U a duzia

Em qto ao que Vm me dis sobre os 30 rolloz de tabaco que remeteo Anto da fonca tavares direi o que sei nese par q he que o do oz vendeo com outros mais seus a Dom Po, e que este oz mandou dezpachar por hum sugeitto que quebrou com qem fez sosiede com do tabaco pa o enbarcarem e puxando pelloz frettes a qem avia dezpachado o tabaco e não se lhe achando beis pa paguamto deles obriguão por dittoz fretes a do Anto da fonca sobre o que se lhe poz demanda maz não sei depozitase, senão q he condisão daz aaqcoins de fretes fazelo asim, e vem do fonca defendendoze com rezão que ele não vendera os tais tabacos ao sojeito que oz despachou mas sim Dom Po gomes de qem resebera o dro delles e com ele oz ajustara não sei se a 1750 rs se a 1850 rs @ cativa mas nisto do preso não estou mui serto sendo que he fasil o saberse e não faz duvida que Dom Po quer que cavillozamte pague oz frettez a dono do tabaco, como vio que cobrou qem lho despachou, dizendo que elle conprara o tabaco pa aquele sojeito, inda que elle o paguase, o que negua Anto da fonca que tal lhe não disse, mas se elle quando lhe deu oz conhisimtoz lhe puzera logo o pertense e não lhoz dera asinadoz em brnco pa Dom Po la lhoz por a qem lho ouvese de dezpachar escuzarão estaz embrulhadas mas ha rezão he que Dom Po deve paguar dittoz fretes; e em Rigor quando quando obriguem a que oz pague do Antonio da Fonca nunca Vmce deve ficar projedicado E mais quantia do que aquela em que enportarem oz seuz rolloz, e por esta rezão tem o do pouca em reter na sua mao oz 200 U que a Vmce resta dos 39 rollos e demais develhe Vmce adevertir que oz comisarios estão obriguadoz a venderem a pessoas seguraz, inda que logo resebão o dro da fazenda por respeito de que em nenhum tenpo caião sobre o senhoria da fazenda oz frettes e neste particular he o que a Vmce pozo dizer, e bem sinto semelhantez coizas pello prejuizo que a Vmce cauzão mas oz tenpoz estão de sortte que ha poucoz em que se poza fiar, sendo q heu senpre fis bon conseitto deste sojeitto.

A Manoel Frnco Lima do Portto, mandei emtreguar vinte moedas d ouro pa carreguar em pano de linho por conta de Vmce em hum Navio que naquele porto esta a cargua, e me avizou asim o faria e Ds premita levallo salvamto.

Remetto a Vmce a conta corrente de tudo o que parava em ma mão emthe a frota pasada de 708 emtrando tanbem a 25 xa B.b. e 3 de M.b. que Vmce avia carregado pa o porto a entreguar a do Lima e nesta side a mim e por ella vera Vmce lhe resto salvo erro

Emtrando neste resto oz 300 U de que me foi presizo valer pa o paguamto que Fiz a Dom Po Gomes. Remetto tanbem az sertidois emcluzas daz Faltaz que ouve nas Xaz estando cheias e não sei que erro do pezo este he pois são poucas az xaz que conferem.

por ora nada mais me lenbra, se m ezqueser alguma coiza o direi em outra a parte que não da o tenpo luguar a mais que a pedir a Ds que gde a Vmce ms anns como lhe dezo e thenha de sua santa mão.

Sobro de Vmce o mais amte e obidiente que todo o bem lhe deza Mel Mendes Cunha

Legenda:

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