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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1363

1642. Carta de António de Mascarenhas, padre, para João Rodrigues de Campos, padre.

ResumenO autor aconselha o destinatário sobre a forma como deve guiar espiritualmente a sua confessada.
Autor(es) António de Mascarenhas
Destinatario(s) João Rodrigues de Campos            
Desde Portugal, Lisboa
Para Leiria
Contexto

A ré deste processo é Luzia de Jesus, de 43 anos, religiosa da Ordem Terceira de São Francisco, natural e moradora da cidade de Leiria, presa pela Inquisição em Abril de 1645 por fingimento de visões e revelações. Luzia de Jesus escrevera quinze cadernos com revelações chamado "Cousas tocantes a este Reino de Portugal" em que dizia que vira e conversara com o anjo custódio do reino, o anjo da guarda de D. João IV e outros anjos e santos ligados a Portugal que, entre outras coisas, lhe pediram que convencesse o rei a mandar construir um mosteiro na sua casa. Estes cadernos chegaram às mãos dos inquisidores em 1643 e fizeram-se diligências para conhecer a reputação da sua autora e interrogá-la sobre as suas visões. Depois de feito o exame, consideraram que a ré devia ir para Lisboa para ser encaminhada e interrogada mais longamente, mas por causa da sua boa conduta, em vez de a prenderem, os inquisidores permitiram que ela ficasse na casa do alcaide dos cárceres e tivesse liberdade de movimentos. No entanto, Luzia de Jesus acabou por ser presa em 1645, pois, após novos interrogatórios, as suas afirmações foram consideradas excessivas e perigosas.

Luzia de Jesus era confessada do padre João Rodrigues de Campos desde Maio de 1629 e este, para a guiar nos seus exercícios espirituais e na comunhão, pedira ajuda, ao longo dos anos, a uma série de outros padres, principalmente Jesuítas, com quem se correspondeu, actuando de acordo com as instruções que lhe davam e mostrando-lhes os cadernos que a sua confessada ia escrevendo. Em finais 1644, quando se decidiu que Luzia de Jesus seria mesmo presa, João Rodrigues de Campos entregou à mesa da Inquisição uma lista de pessoas a quem falara sobre as revelações da sua confessada e, mais tarde, 14 das cartas que recebera de algumas delas, datadas de 1629 a 1644. Numa destas (PSCR1369), acrescentou que começara por pedir ajuda ao jesuíta Diogo Monteiro, provavelmente o erudito autor da "Arte de Orar", que morreu em Coimbra em 1634, tendo apresentado duas cartas da sua autoria (PSCR1368 e PSCR1369), a última destas não autógrafa. Depois da morte desse padre, João Rodrigues de Campos pedira ajuda ao jesuíta Jorge Cabral, que também falecera entretanto, e apresentou duas cartas dele (PSCR1366 e PSCR1367). Após a morte de Jorge Cabral, o confessor de Luzia de Jesus foi aconselhado, entre outros, pelo provincial dos jesuítas, António de Mascaranhas (que lhe escreveu as cartas PSCR1363 e PSCR1364) e pelo carmelita descalço Pedro Tomás, que escreveu as restantes (PSCR1370 a PSCR1375 e PSCR3376).

Na prisão, Luzia de Jesus continuou a dizer que tinha visões e acabou sentenciada, no auto de 1647, a degredo por dez anos, sendo ainda proibida de voltar a entrar em Leiria, e obrigada a penitências espirituais e pagamento das custas.

Bibliografia: Canavarro, António Abel Rodrigues (2004), "O Padre Diogo Monteiro, a sua «Arte de Orar» e os «Exercícios» de Santo Inácio de Loiola". In A Companhia de Jesus na Península Ibérica nos sécs. XVI e XVII: Espiritualidade e cultura: actas, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Instituto de Cultura Portuguesa; Universidade do Porto, Centro Inter-universitário de História da Espiritualidade, pp. 31-65.

Soporte uma folha de papel escrita numa das faces.
Archivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fondo Inquisição de Lisboa
Referencia archivística Processo 4564
Folios 160r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2304550
Transcripción Maria Teresa Oliveira
Contextualización Maria Teresa Oliveira
Normalización Raïssa Gillier
Anotación POS Raïssa Gillier
Fecha de transcipción2016

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Ihs Pax xi

Ontem reçebi a de VM de 8 os dous cadernos q fico vendo. os dous q me ficarão mando esta polla mesma via. E a VM agardeco mto a lembranca E caride.

Emquanto aqlla pessoa caminhar pollo caminho de humilde e sogeicão e obediencia aos q governa-rẽ sua conscia, caminhara segura, pq o demonio não tem entrada os q não presumẽ de si, e a tu-do se governão pollos q tomão pa q em lugar de Ds os governẽ E encaminhẽ, não fiando nada de seu juizo. por falta do sposto pessoas spirituais, E que começarão bẽ este caminho, sain-dose delle, fizerão miseravel naufragio A Ds N sor peço que se sirva de dar perseveranca a essa sua serva no bẽ comecado dandolhe sua graca, pa q das MM q lhe fas se apveite pa ser mais humil e mais agardecida a sua divina mde. E a VM pa q tudo a encaminhe ao fim perfeição. E fim pa que N sor a tẽ escolhida e gde. Lxa 15 de 7bro 642

Anto Mascarenhas

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