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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1278

[1600]. Carta de Álvaro Vaz para Francisco Lopes, sacerdote.

ResumoO autor pede ao arcebispo de Lisboa que o ajude a desfazer as injustiças que diz ter sofrido perante a Inquisição.
Autor(es) Álvaro Vaz
Destinatário(s) Francisco Lopes            
De S.l.
Para Portugal, Torres Vedras
Contexto

A 30 de dezembro de 1600, o confessor e capelão das freiras do Mosteiro de Santos, em Lisboa, Manuel Pires Landim, entregou na mesa do Santo Ofício um maço de cartas que aparentemente lhe seriam dirigidas. No invólucro do maço de cartas, vinha o seguinte sobrescrito: “Ao senhor Manuel Pires beneficiado na igreja de Almada, Arcebispado de Lisboa. Ou ao padre frei Pedro Mártir no convento de São Domingos de Lisboa, meu senhor” (versão modernizada). Em certidão escrita no mesmo dia, Manuel Pires Landim afirmou que o maço lhe tinha sido dado pelo padre Simão Freire, sacristão do Mosteiro de Santos. Tinha-lhe sido entregue por uma Maria Dias, louceira, a mando de Francisco de Azevedo, morador em Almada, que o tinha recebido de Gaspar de Mendonça, também morador em Almada. Posteriormente, Gaspar Mendonça, cavaleiro fidalgo da casa do rei, explicou perante a mesa do Santo Ofício que um dia se tinha deslocado ao Mosteiro de São Domingos, onde viu o referido maço de cartas. Lendo o sobrescrito e atendendo a que era amigo de Manuel Pires Landim, encarregou-se de lhas fazer chegar pela via que foi descrita.

Manuel Pires Landim, numa audiência que ocorreu em 10-01-1601, declarou que nenhuma das cartas, em número de seis, lhe era realmente dirigida. A autoria delas era de um sacerdote chamado Álvaro Vaz, que ele tinha conhecido 15 anos antes, quando estudou em Coimbra. Segundo sabia, este Álvaro Vaz tinha sido julgado e reconciliado pela Inquisição de Évora e estava agora fugido. Mencionou também que dois anos antes lhe tinham chegado às mãos outras cartas do mesmo género.

As cartas contidas no maço são dirigidas a diversos destinatários, entre os quais o inquisidor-mor, o arcebispo de Lisboa, o arcebispo de Évora e outros conhecidos seus. Nelas sobressai uma marcada crítica aos procedimentos da Inquisição em Portugal.

Suporte duas folhas de papel escritas em ambas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 1584
Fólios 9r-9v
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcrição Tiago Machado de Castro
Modernização Catarina Carvalheiro
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2013

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Ao sor frco Lopes sacerdote ẽ Torres vedras ẽ igreja de s Pedro Snor

Jesu Xpõ a Vm todo o bem, e nos ajunte na gloria sou vivo e fui morto os testimunhos falsos q os Inquisidores de Portugal ocasionarão: ainda q me deshõ-rarão, e per tempo me escurecerão, todavia subministrou Ds ocasiões mestras de minha christandade, e de serviços de Ds cõversão de almas, q Ds de males tira bens. Saude Vm ao Ldo Jorge Nunes, sua molher, e filha helena Rõldoa e os mais, ao Sor prior de s pedro e q eu mandarei pagar os dous crusados ao Snor Gpar pinto de São Tiago e a todos os mais dessa villa. e digalhes per certo q tudo cõtra mim foi falso e a sentẽca pello cõseguinte falsa, e q ameasos dos Inquisidores causarão tantas falsidades como eu a elles tenho escrito, e retratadome de tudo, e q são obrigados mandarẽ restaurarme a honra, e primeiro a de Ds perq todos os sacramẽtos fis sempre come devia, e como podia faser Santo Thomas na divida e legitima intenção e assi diga a todas as pesoas q forão absolutos suas cõfissões e assi pmitta a misericordia de Ds q me absolva o cõfessor a hora da morte pa alcãcar graça de meu Snor Jesu Xpõ, como tive intensão sempre de absolver todas as pesoas q a mim se fessarão, e diga o mesmo de missas e tudo o mais a Simão dias q as suas missas serão pagas e aos dous mercadores as suas dividas. Ds nos dee asi mesmo. mande este escrito a Marquiteira a freira margaida de s Francisco q ore a Ds, q Ds deu mais ocasião de salvar almas, do q o demonio impedio. Pesso as orações de Vm

Alvaro Vaz

Pessa ao sor prior, e Vm faca nisso ho q for necessario, q se ponhão exsequeção a satisfação das dividas q escrevo e pesso per merce.


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