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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1148

1585. Carta de Fernão Lopes, mercador, para Gaspar da Costa, imaginário e caixeiro.

ResumoO autor suplica ao destinatário que o vá visitar na sua parte da ilha. Dá a entender que se terão desentendido os dois.
Autor(es) Fernão Lopes
Destinatário(s) Gaspar da Costa            
De Açores, São Miguel, Ponta Delgada
Para Açores, São Miguel, Povoação
Contexto

As cartas PSCR1147 e PSCR1148 encontram-se no processo de Fernão Lopes, preso em 1585. Vinte e dois anos antes, com a idade de dezanove anos, Fernão Lopes apresentara-se voluntariamente na mesa do Santo Ofício e confessara culpas de judaísmo. Abjurara na Mesa e saíra em liberdade, ao contrário da mãe e de um tio, que foram relaxados pelo Santo Ofício e queimados em auto da fé. Mas em 1585, Gaspar da Costa, imaginário e caixeiro, vizinho de Fernão Lopes e seu grande amigo e compadre, incompatibilizou-se com ele por causa de uma dívida. Então, de acordo com o testemunho de Diogo da Costa, irmão de Gaspar da Costa, este escreveu ao réu umas cartas, 'do lugar de Povoação, em as quais lhe chamava de mau cristão e que havia de pagar o que devia e que lhe lembrasse do passado'. Fernão Lopes ficou muito agastado e temeroso e tentou encontrar-se com Gaspar da Costa, escrevendo-lhe para isso 'algumas cartas (...) com muitos mimos e palavras amorosas' (PSCR1147 e PSCR1148). Contudo, Gaspar da Costa apresentou-se perante o ouvidor do eclesiástico e acusou Fernão Lopes de judaísmo e sodomia, entregando as provas que o ouvidor do eclesiástico guardou 'para verificação de certos pontos que nelas se continha'.

Fernão Lopes foi preso na cadeia do Aljube de Ponta Delgada. Quando procediam ao inventário dos seus bens e lhe mostraram um assinado de dívida, o réu começou a ficar inquieto ‒ de acordo com o aljubeiro, deixou de dormir e de comer -, com medo de Gaspar da Costa ter produzido escritos falsos e cartas de blasfémias e heresias falsas em seu nome com o propósito de o incriminar. Começou a 'tresvariar' e a dizer palavras ao acaso, nem sabendo já se os assinados de dívida que lhe mostravam eram de sua autoria. O ouvidor levantou a hipótese de o seu estado de perturbação resultar do facto de ele saber que o conteúdo das cartas que enviara a Gaspar da Costa o incriminava. Assim, ordenou a dois escrivães que confrontassem as duas cartas com os assinados de dívidas (que seguramente tinham sido escritos por Fernão Lopes), para confirmarem se as duas cartas eram da autoria do réu ‒ o que se confirmou.

As cartas foram posteriormente enviadas para o Santo Ofício de Lisboa. No entanto, nas contraditas, provou-se que Gaspar da Costa afirmara publicamente que se haveria de vingar de Fernão Lopes e que tentara comprar várias pessoas para testemunharem falso. Em 1587, depois de dois anos de inquirições, o réu foi ilibado de todas as culpas. Pagou as custas e saiu em liberdade.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita nas duas primeiras faces e com sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 12088
Fólios 56r-56v, 57r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2312289
Transcrição Teresa Rebelo da Silva
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Teresa Rebelo da Silva
Modernização Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2016

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ao snor gar da costa machynayRo na povoacão meu snor snor cõpadre

não sey a que ponha tamanho descuydo como vm tem quen esta espeRãodo por sua vysta he novas de sua vyachem he sosesos de la que serto não sey que dygua não me escrever hũas Regras por po afonso escrevy a vm não se descuyde deste que tão morto esta por sua vysta ho que me paReseRya vyr vm porque esta somana que vem espeRamos sayr ho padre bem he porque creo folguaRa o cre Loguo sua bỹda he yra vm ele seRa vyr vm que as obras obryguão as pas he tãobem queRo dizer a vm que todas as noytes por sonhos falo vm comendo bebendo dar muỹto cõtãoto senpre ho tenho no pensamto não sey que ysto he mto lhe peso cõpadre da mynha Lma que olhe ho mto que lhe queRo que mto ben ho sabe he que mo pague ho mesmo amor porque amor pede amor saudades me pom em mto trabalho he se não forão as ocupasonis he trabalhos que tenho não deyxara de yr por nhua vya a ver vysta que tãoto dezeyo não me paRese podeRey sofrer ysto mto mas tudo quão zão meus pequados venha he fỹcho nesta quarta o que quyzer que eu não estou pa yso que os olhos não dey p falar o coracão mhe por yso não sey o que escrevo he ou a ler a mynha comadre notea la que eu não sey o que escrevo. o meL de mygeL Roiz me mãode he o fyado de qual do zousa no mais senão que me encomende na merce bencão de mynha comadre he que Ca mendez lhe mãoda mtas encomendas que não ten ja na Rua nada de gosto todos estamos como sordos nen tenho quen fale nen quen comonyque e cõfyo en ds aỹda nos a de cõseder ho que dezeyamos de seu cõpadre mais que yrmão fernão lps

todos fyquão de saude pays he yrmãs


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