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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0645

1757. Carta de Margarida Engrácia Rosa para o seu marido, Luís da Costa Martins, negociante.

SummaryA autora dá ao marido notícias da família e queixa-se de que acha serem falsas as promessas do seu regresso.
Author(s) Margarida Engrácia Rosa
Addressee(s) Luís da Costa Martins            
From Portugal, Lisboa
To S.l.
Context

Processo relativo a Luís da Costa Martins, acusado de bigamia pela Inquisição. Estando casado com uma mulher em Lisboa, voltou a casar em Goiana (Pernambuco), depois de emigrar para o Brasil. Neste processo, estão contidas três cartas: uma da primeira mulher do réu (PSCR0645) e duas do filho (PSCR0646 e PSCR0647), todas implorando por notícias e pelo seu regresso.

Manuel Rodrigues, morador em Pernambuco e oficial de alfaiate, era amigo do réu, e este pedira-lhe que, quando visse navios virem de Lisboa, perguntasse por cartas para si. Manuel Rodrigues assim fez. Ao receber duas cartas, reparou que uma delas era de uma mulher e a outra de um filho, o qual andava a aprender a arte de boticário. Quando confrontou o réu, este confessou ser casado em Lisboa e, depois da insistência do amigo, prometeu que no ano seguinte regressaria para a primeira mulher. Quando o amigo lhe perguntou por que se casara de novo naquelas terras, disse "estar apanhado entre portas com a mulher" (fl. 14v).

Durante os interrogatórios feitos pela Inquisição, o réu confirmou as suas culpas, dizendo que apenas esteve casado pela segunda vez por dois ou três meses e que logo fugiu para Portugal. Também disse que se casou por ter medo de que a família daquela mulher o matasse se ele não o fizesse. Foi sentenciado ao degredo para o Algarve por quatro anos e a penitências espirituais.

Support uma folha de papel dobrada, escrita nas três primeiras faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 294
Folios 6r-7r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=2300167
Transcription Mariana Gomes
Main Revision Fernanda Pratas
Contextualization Mariana Gomes
Standardization Raïssa Gillier
Transcription date2014

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J M J Lxa. 9 de Fevereiro de 1757

Meu Amado e querido espozo mto e mto Do meu Coracão huma tua resebi por mão do filho de quaiatano da silveira que pa ma trazer folhe presizo escondela em parte donde lhe não dese com ela porque esta eisto mto apertado e ainda hoje ainda não sahirão as listras da frota com que estou mto obrigada quer o pai quer o Filho eu estimei mto de ver letras tuas e juntamte esperava por ti que asim mo tinhas mandado dizer eu não sei que te la prende senpre me estas a mandar dizer que veis mas nunqua teis hesa vontade pasiensia quando Ds for servido he que viras pa a minha companhia e do teu filho

eu vo pasando como deos he servido noso senhor me de pasiencia pa poder levar a minha vida Comforme o sor he servido pa sufrer tantos naturais bem pode emtender o que isto pode dizer

Luis ça Resebi hũa Carta no mes de Agosto vinda no navio de Cacheo que fazia catorze mezes que hera escrevida e NesLa e Nela vinha hũa letra De coatro moedas de hoiro as quais cobrei que asim que chegou meu irmão thomas mandaro hilo o hotro dia e logo derão o dinheiro ainda ele Dise que não tinha avizo no navio do tal home mas contudo que o dava do dinheir que me mandastes visti. Joze fislhe capote sete covados de pano pa o capote tres covados de pano pa vestia o calcão for os chapeo meias sapatos e todo gastes com ele e dei seis mil e coatrosentos a comadre brizida que lhe devia e tudo isto chegou as coaro moedas Noso seNhor he que to a de pagar eu bem nesesito de Alguma coizas pa mim que me são bem presizas e joze tambem preziza de ropa branca que esta bem falta dela tanto ele como eu se puderes lembrate dele e de mim, ainda que tu me mandas dizer que veis na frota eu bem poso ter hiso por estoria

Luis tu me manda proguntar pelos teus velhos todos são vivos ainda que eu não sou lenbrada não emporto eu sempre progunto por eses teu irmão pedro estava pa cazar a filha sahilhe o noivo parente não sei o que se pasou niso a gente da quinta não sei deles a mto tenpo a freira estava com a mai em caza não tenho a qm proguntar por eles aseita mtas saudades de todos de caza joze tambem te escreu ele esteve mto doente sangrado tambem he queixozo de izipola em hũa perna eu senpre fico na esperanca que veis aseita mtas saudades da nosa comadre brizida e da Luiza e as minhas pa Comtigo não tem numer desta tua espoza que mto te quer e venera

Margarida Ingracia Roza


Legenda:

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