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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0545

1714. Carta de Manuel Gomes Rodrigues, cozinheiro, para o seu irmão.

SummaryO autor pergunta ao irmão pela sua mulher e pede-lhe que trate de alguns negócios seus.
Author(s) Manuel Gomes Rodrigues
Addressee(s) Anónimo425            
From Portugal, Viseu, Barreiros, Santa Marinha
To Portugal, Viseu
Context

Este processo diz respeito a Manuel Gomes Rodrigues, acusado de bigamia por ter casado com Antónia Josefa (filha de Caetano da Silva e de Maria da Encarnação), com quem esteve casado apenas alguns meses, estando viva a sua primeira mulher, Maria Gomes.

Manuel Gomes Rodrigues viveu com a sua primeira mulher durante três anos e tiveram três filhos, dos quais apenas sobreviveu uma menina. Depois de cometer o crime de incesto com uma comadre sua chamada Luísa, o réu envolveu-se em algumas brigas e, em consequência disso, ausentou-se para Moimenta da Beira e, depois, para Lisboa, onde terá conseguido a certidão de banhos para o segundo casamento através de um estudante chamado Crispim da Fonseca (filho de um contratador de bois), que tinha ordens menores e a falsificou com a ajuda de Domingos Fernandes (o qual serviu de testemunha), que, por 720 réis, tratou de arranjar maneira de Manuel Gomes Rodrigues ser visto como solteiro.

Depois que se soube que a primeira mulher ainda estava viva, o réu tentou matá-la envenenando o pote de água que ela havia de beber, tendo dado testemunho disso o abade João Rodrigues Leitão, vizinho da mesma. Consta do processo que a dita mulher terá pressentido que a água estava envenenada e que não a bebeu. Descobrindo depois que as suas suspeitas eram verdadeiras, Manuel Gomes Rodrigues ainda a agrediu, batendo-lhe com um pau na cabeça e nos braços. Ouvindo os gritos da mulher, muita gente a foi acudir. Ele terá ainda tentado afogá-la, deixando-a quase morta.

Manuel Gomes Rodrigues foi denunciado à Inquisição por Manuel da Cruz (criado de cozinha de Francisco de Melo, "O Vacas"), o qual ouviu dizer ao criado do abade João Rodrigues Leitão, chamado Manuel Marques da Silva (seu primo), recém-chegado à cidade, que o réu já era casado. Sabendo que este se tinha casado há pouco tempo (cerca de um mês) com outra mulher, resolveu denunciá-lo. Manuel Marques da Silva terá tentado avisar o réu de que o segundo casamento poderia levá-lo à prisão e, quando se ia embora da cidade, escreveu uma carta (PSCR0541), na qual menciona o facto de a primeira mulher do réu estar viva.

As cartas inclusas no processo foram entregues à Inquisição por João Rodrigues Leitão, o qual, através das mesmas, provou que Manuel Gomes e Manuel Rodrigues eram a mesma pessoa, ou seja, o réu, ainda que ele usasse um nome diferente em cada cidade.

Em auto-da-fé de 16/02/1716, o réu foi condenado a abjuração de leve, açoitamento público, degredo por cinco anos para as galés, penitências espirituais e pagamento de custas.

Support meia folha de papel não dobrada, escrita apenas no rosto.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 4956
Folios 37r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2304958
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Catarina Carvalheiro
Contextualization Leonor Tavares
Standardization Catarina Carvalheiro
Transcription date2015

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et

Meu irmão estimarei estas duas regas vos achem com perfeita seode como dezeijo pa min em companhia de minha cunhada mais de nosa irmã estimarei logerem Boa saude como vos dezeijo agora o q vos peco he me escarvais logo pelo corrio mandaime dizer vosa cunha-da maria gomes se he morta se viva q heu la escervo a tareza mas sem emBargo diso me fio dela mais o q vos peco he me mandeis dizer como está o emventario de noso aBo q nosa perima de ter eranca ca me deu novas desa mas hele fica agora mto doente mais o q vos peco he que vades logo a mementa coBar de migel da costa dezoito testois mais huã nova da Bacha mais venderme tudo o q estiver dentor da arca mais a espada mais arca tudo vendei mto Bem e o dinheiro q me deve migel da costa mais o da Bacha e mais o da espada empergaimo logo em de Linha pois nem Vm q seiga muito a contar heu vite seis varas de linha emte huito vinteis pouco ou menos mais e da arca mais o desfazer e da machinha emperegama logo em linha dourada a cunhada se he viva e doze aReites de linhas q mas fie finas q heu de Ca lhe pagarei o tarvalho q heu emBarco dia mais ou menos e quero levar este para mais as linhas pa la e se lhe la mas quizer fiar linhas emporta mandeme dizer q o q pasar asim q me e sem tirares de caza de meu amo iso não me poso tirar dele escerveme logo de q pasas com isto mais se são mortas se vivas e com isto ds gde mtos anos hoje 29 de maco de 1714 anos deste teu irmão

Mel Roiz Bareiro


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