PT | EN | ES

Menú principal


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

PSCR0318

[1628]. Carta de Duarte da Cunha, escrevente, para a sua mãe, Isabel da Cunha.

ResumenEm escrita encriptada na 'língua dos pês', o autor dá instruções à mãe sobre vários favores que ela deverá fazer por ele e pelos seus companheiros de cela. Explica-lhe também como enviar uma faca para a cadeia.
Autor(es) Duarte da Cunha
Destinatario(s) Isabel da Cunha            
Desde Portugal, Lisboa, Cadeia do Limoeiro
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Este processo diz respeito a Duarte da Cunha, preso a 9 de junho de 1627, acusado de perturbar o reto ministério do Santo Ofício. Duarte da Cunha andaria a extorquir com três cartas falsas, fazendo-se passar por filho de um familiar do Santo Ofício de Monção. O réu foi preso quando, indo a casa de Diogo Fernandes (cristão-velho, de 55 anos) durante a noite, lhe mostrou as tais cartas. Diogo Fernandes desconfiou das suas intenções e mandou-o prender, primeiro no tronco, depois no Limoeiro. Em depoimento à Inquisição, Diogo Fernandes disse que, após ter retido o réu, este pediu que o deixasse ir, tendo depois fingido estar a passar mal. Tentou também esconder os papéis que levava numa esteira da sua casa. Vendo que o primeiro estratagema não resultara e que continuaria preso, puxou de uma faca e ameaçou matar-se, mas Diogo Fernandes, com a ajuda de um alfaiate vizinho, Salvador Jorge, conseguiu tirar-lhe a faca das mãos e mantê-lo preso até à chegada do corregedor Luís de Góis de Matos e de um familiar do Santo Ofício, Francisco Luís.

O familiar Francisco Luís depôs ter ouvido o réu dizer que se tinha metido em tal confusão por necessidade. Por sua vez, em confissão, o réu disse que ficou muito amigo de Rui de Brito (jovem de 25 anos, boa estatura, branco e louro, com sinal preto debaixo do bigode, cabelos compridos e louros, um pouco gago, natural de Lisboa, que vivia em casa de um cunhado na entrada da Rua das Arcas, em Lisboa) e que um dia lhe disse que era casado e pobre e que não sabia como se livrar dos seus crimes (uma vez que o réu já tinha sido preso outras vezes). Foi então que Rui de Brito teve a ideia de usar o mandado assinado pelo Doutor Luís Álvares da Rocha (deputado do Santo Ofício) que o réu tinha em seu poder, do tempo em que tinha sido escrevente de Diogo Noronha (escrivão do Conservatório da Ordem de Malta), para forjar outros papéis e tentar fazer negócio com eles. O réu defendeu-se dizendo que não sabia ler e que não sabia o que os papéis continham porque os não tinha visto. No entanto, Rui de Brito nunca foi achado, e não ficou provado que este morasse no endereço fornecido pelo réu, pelo que se supôs que o réu tinha sido o único autor de toda a trama.

As cartas PSCR0318 e PSCR0319 que se encontram no processo foram achadas pelo alcaide Estevão da Costa entre umas roupas e um barril de água que foram enviados ao réu depois de este estar já preso no Limoeiro.

Francisco Meirinho de Miranda, testemunha, de 30 anos, disse que uma vizinha sua (provavelmente Isabel da Cunha, mãe do réu), viúva, magra, de cabelo comprido, que vestia manto e bordão e que saía sozinha todos os dias de manhã voltando apenas à hora do jantar, certo dia lhe pediu que lesse dois escritos dizendo serem muito importantes. Ao ler os ditos escritos, viu que um deles estava cifrado (PSCR0318) e que nada conseguia ler dele e que, no outro, se pedia para meter quatro homens quando o alcaide abrisse a porta, ou que se enviassem facas ou limas e 'coiradas' para poder limar as grades de uma janela e tentar a fuga da prisão. Vendo isto, Francisco Meirinho de Miranda logo se assustou, mas não falou porque a viúva o ameaçou dizendo que tinha parentes e que não dissesse nada a ninguém.

Em auto-da-fé de 3 de setembro de 1629, o réu foi sentenciado a ser açoitado publicamente, a pagamento de custas e a cinco anos de degredo para as galés.

Soporte um quarto de folha de papel escrito no rosto.
Archivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fondo Inquisição de Lisboa
Referencia archivística Processo 6634
Folios 26r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2306693
Socio-Historical Keywords Maria Teresa Oliveira
Transcripción Leonor Tavares
Revisión principal Catarina Carvalheiro
Contextualización Leonor Tavares
Normalización Catarina Carvalheiro
Fecha de transcipción2016

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

Estou tal com este grilhão q volo não sei encareser mas as couzas daqui sao tais q não se pode falar nellas O descuberto, e por isso vos nao pesso se Busque Algem q fale a estes sres mas se de novo Ouver lugar pa q pessão Ao sr franco Barretto pessa Ao sor Inquizidor queira fezerme Despachar falando A estes sres me despachem e favoresao visto aver tanto e porq estou qual pa ver se com esta lembrança mo tirão o grilhão mas não lhe falem em q estou com elle porq dahi virão a coligir q escrevo daqui, chorarvos q estou acabado escuzo, porq Bem vejo q sou mofino, Mandaime dizer q dia e mes Apana pais fopoi prepezapa E aonde esteve se aqui, ou la Em baixo E se a Ama q daqui se foi teve Algum trabalho porq o Alcaide dixe q me Botava Opo gripilhapão popor dipizeper q nopos quepe queperipiamopos fupugipir, Porq nestas Comfuzois folgão estes tristes corpos de saber tudo, E asim Escrevei largo q não sei se durara mto este caminho Estou a olhos longos Esperando a Resposta q vos mandei pidir soubereis dos letrados q he o q importa por saber O Caminho q hei de seguir. Mandaime dizer se o Cabra desta Caza q la he morto se levava Alguns Escritos meus pq sospeito q elle tambem levantou Alguã lebre, mepeu copõpapanhepeiropo Bepem e pestapa Nopo Mapao termo da sra supuepa mopolheper Mas suposto e q tambẽ elle o padesse tenho Eu oBrigassão suposto q esta aqui de vos pidir fasais por elle porq lho devo quanto mais sem Encaresimto Eu lhe devo mil vidas se mil tivera pera por por elle E asim fiquou Comfuzo de vossa susinta Reposta tendolhe Eu dito q Conhesieis Anta e sua mai q vende Carvão q mora nos Baixos donde A tal gente vive Asi q por esta Ou por outra qualquer via não acho deficultozo o sabereis o Como estão e Como vivẽ E se esta ainda Aqui seu tio o popipinhepeiropo E ver se podeis Alcanssar p via de Anta se fazẽ por elle, ou Contra elle porq Bem sabe quando os Homẽs querẽ E são tão Brancos como vos q alcansão o que querẽ. elle vos pede q saibais na Rua das esteiras quan-do entrão da pichelaria em Huã Escada da Banda da Mão Esquerda antes q chegem Ao Bequo dos saralheiros q vai a Rua das Mudas perguntai no 2o sobrado p Joporgepe de pefaparipiapa Lopobopo, E dizeilhe q o marido de A pipinhepeirapa q esta Aqui napas epescopolapas lhe manda Preguntar Novas suas de saude E da sua Gente E aonde esta seu ffo Apantoponipiopo E do Apamipigopo da pasepe E se ha Alguã couza de novo, E lhe pede q da pamolher napão sapaibapa napadapa porq ella E a sua Mofina O meteo aqui q ate Agora não sabe de mais q dizeremlhe que fapalapavapa mupintopo E que se puder em letra mudada lhe avize tudo, quando não fazeio vos por elle. Eu estoulhe oBrigado a tudo Como tenho dito E isto Basta E pem topodopo o pocapazopo mapandapai fapazeper Hupũapa fapaquapa depestepenpeperapadapa nopo fopogopo Cupustepe o poque cupustapar, Epe apabripilapa Apa mopo depe seperrapa Epe mepetepela epentrepe hupuns papaopos de canella E pecopozepelopo epem hupu pano, E pedaparlhopo A paepestepe Hopemepẽ dipizependopo q sapão hupuns paos de canela que vos mando pidir, popoquepe quapando Epestipiveper fepeitopo negossio avizarei, Pera q faleis com Migel Carvalho pa vipir Hupa nopoitepe q eu avizar a esta Rupuapa, porq ha sopo


Leyenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Download XMLDownload textWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow viewVisualización por frase