PT | EN | ES

Main Menu


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

PSCR0074

1571. Carta de Fernão Rodrigues de Trancoso para o Inquisidor de Lisboa.

SummaryO autor denuncia um homem judeu que no momento reside em Lisboa.
Author(s) Fernão Rodrigues de Trancoso
Addressee(s) Inquisidores Santo Ofício            
From Italia, Milano
To Portugal, Lisboa
Context

Fernão Rodrigues de Trancoso, frade da ordem dos Socolantes, tal como o próprio refere (PSCR0074), residiu no norte de Itália onde tomou contacto com a comunidade judaica da região. A pedido de uma mulher judia, Mira Charavola, escreveu uma carta ao seu marido, António Rodrigues, de nome judaico Judá Barroca, que havia voltado a Portugal com o intuito de levar a sua família para o norte de Itália (PSCR0075). O mencionado frade escreve então ao embaixador da Coroa portuguesa em Roma, Dom João Telo de Meneses, pedindo-lhe que reenvie à inquisição de Lisboa a carta encomendada por Mira Chavarola e ainda uma outra em que denuncia os feitos de António Rodrigues, que entretanto ficara a residir em Lisboa. A presença deste conjunto de três cartas nos Cadernos do Promotor mostra que o seu pedido foi atendido.

Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.

Support duas folhas de papel dobradas escritas em todas as faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Livro 196, 5º Caderno do Promotor ‒ "Papéis de fora" ou "Papéis antigos"
Folios 225r-226v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2318022
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcription Tiago Machado de Castro
Main Revision Fernanda Pratas
Contextualization Tiago Machado de Castro
Standardization Fernanda Pratas
Transcription date2015

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

sñor

mtos ção os respeitos q me insintão a screV esta a v m o Pimro e çeos de . descargo d alma. castigar aos maos. dar emxempro aos otros po derradeiro cortar o caminho a quem tem vontade de obrar tão ma obra como a que nesta direy a vm se faz nese reino cauzadas de pas q quẽ o não vira e tocara mão o não crera. E poq spero os tais averão de v m o castigo como a quem e dado este cargo. a my não toca otro q dizelo a v m o qual cudey de retificalo a boca. o q po meus pecados não pode S po mtas mas endespoçições em my achadas cauzadas de mtos trabalhos e fadigas como nesta direy e Pimro lhe direy meu ser. eu sõr são de tramcozo do qual me party sendo moço piqueno orfão de pay e may e de parentes. fuime a viver a arronches no qual passey parte de minha vida despois veiome a võtade de ir a castella e parecendome bem a vida Religioza me fiz frade dos çocolantes no reino de murcia damdome as lras comtenuamdo em minha vida fiz votto de ir a geruzalem em companhia de otro padre avera tres anos q sahi de espanha querendonos tornar ja pa a ditta avendo estado em geruzalem ano e dias achamos a jornada deficil po cauza das gerras q ay emtre o gramturco e venezeanos. determinamos fazer o retorno po terra ate Raguza em companhia de judeus dos quais avemos çido não mal tratados basta q po seu amparo viemos a raguza na qual pudemos dizer seremos cristãos po a ditta terra S de cristãos como vm sabera, da qual a Pimra passagem passamos a veneza na qual me foy necessario estar 6 meses po me morrer meu companheiro e passar eu mtas doenças. nesta terra achey mtos cristãos novos quais po eu não conheser determiney fazerme tãobem eu cristão novo po V o q passava emtre eles/ poq o abito de frade o avia deixado em geruzalem asim q tornando a meu dizer S cristão novo lhes dizia não me podia po judeu poq tinha em portugal mulher e fos pelos quais P estes avia de ja atrazelos. escuzandome não queria comer en suas cazas po respeito de meu Cpanheiro. o qual aimda a este tempo era vivo. asim q comtinuando esta Patica dia vejo vir judeu o qual vinha de lisboa e trazia cõsigo duas cazadas pelas quais Pegumtey e me dixerão vinhão do fundão este judeu q trazia esta jente era morador salonique vindo desa lisboa averia 10 anos e despois q se fez judeu veio a pobreza. e po ganhar foy ate o fundão e meteo en cabeça a estes q agora vierão se viessem a fazer judeus e isto tamto po o do ganhar como po trazelos a sua ley se eu fiquey espantado deixo cudar a vm em ver tal coração de diabo. não cristão fazerse judeu e despois yr judeu a portugal a fazer tal feito de estes ay mil. não passarão dez dias me mando chamar hũa judia rogandome pois eu queria ir a essa lisboa q lhe fizese tamta m e esmolla q como fosse a lisboa fosse buscar a antonio Rodrigues fo de breitis rodrigez alfaiaty qual era seu marido. avia perto de 7 anos q se avia feito judeu e se puz po nome juda barrocas qual feito judeu se cazou esta judia qual se chama mira chavarolla se foy ella a salonique onde estiverão ano e meio e avendo gastado o q lhe derão en Cazamto se torno a esta veneza da qual se partiu pa esa lisboa avera quatro anos dizendo a mulher queria ir po sua may e mais trazer seus parentes Ricos os quais o q avião de dar a otrem o darião a ele parece q o galanty não acho a may nem aos parentes de seu Perposito. os que segundo manda dizer ditto juda barrocas antes antonio rodriges a mulher querem S bõns cristãos e não querem vir a estas bandas. pelo q vendo ele não lhe sair a couza a seu modo mando dizer a mulher que queria e determinava não avia de sair de portugal pobre pelo q determinava de por hũa tenda de alfaiaty e neste meio quicais sua may e parentes se mudarião de Perposito. e entretamto elle não faria senão ganhar e guardar.

Preguntey a ditta mulher me dese çinais de seu marido me dixe ser mancebo bramco de barba loura q tira a ruiva olhos Vdes de bom corpo o qual avia avido duas fas della quais ãtes q o do se fosse avião falecido agora tinha hũa criatura avendo ficada Penhe delle. dizemdome mais esta mulher como o marido mora nas fangas de farinha o qual estava apartado da may ditta breitis rodrigez e de yrmão do ditto poq não querião fazer vida elle po ser judeu/ todos estes sinais me deu rogandome como quem Roga a ds o fizese vir e me deu a q esta vay pa o marido a qual me rogo screvese eu/ bem cudey sõr meu de fazer esta Patica a boca e acharme eu a queimar este cão. mais po meus peccados não posso q minha doença e tal não sou sõr de dar dois pasos esta mando a v m po mão do sõr Dom gioam tello de menezes embaxador d el Rey de portugal noso sõr ao qual peço po m Pdoe pelo atrevimto meu em lhe sreV rogandolhe mais faça por o sobrescritto pa v m poq eu não sey seu nome esta e feita em milão da qual me parto pa os banhos de padoa e queira ds seja pa me dar saude e me leve a terras onde dezejo/ nesta não direy o teo somte rogar ao sr ds aCresenty a vida a v m pa amparo e sustento da Cta enquizição/ feita em milão aos 14 maio 1571

Svidor de vm fernão rodriguez de tramcozo


Legenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Download XMLDownload textWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow viewSentence view