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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0064

1549. Carta de Jorge Vaz, padre jesuíta, para Francisco de Barros de Paiva, capitão da ilha de São Tomé.

SummaryO autor pede intervenção junto do rei de Portugal quanto a factos relacionados com o comportamento menos aceitável de um rei africano.
Author(s) Jorge Vaz
Addressee(s) Francisco de Barros de Paiva            
From África, Congo, Pinda
To África, São Tomé e Príncipe
Context

Trata-se de uma carta do religioso Jorge Vaz, reportando ao capitão da ilha de São Tomé, Francisco de Barros de Paiva (1546-1554), um conjunto de situações que vinham ocorrendo com o régulo africano, D. Diogo de Deus. Nenhum deles é explicitamente mencionado na carta, mas são identificáveis dentro da cronologia conhecida para esta região. O rei Afonso do Congo, cristão, mencionado no ínicio da carta, reinou entre os anos de 1509-1542 sob a proteção da Coroa Portuguesa. Na linha de sucessão estava Dom Pedro, seu filho, que teve curto reinado e acabou deposto e exilado por ação de D. Diogo de Deus em 1545. Este último era neto de D. Afonso e filho de D. Pedro, e os factos relatados na carta parecem dizer-lhe respeito. Em 1552, este acabou por mover uma inquirição contra D. Pedro e os seus apoiantes, pedindo à Coroa que os extraditasse para o Congo. O que vem relatado na carta suporta a ideia de um relacionamento tenso entre o rei do Congo e as comunidades mercantis, religiosas e militares portuguesas na região (veja-se Kathryn Joy McKnight e Leo Garofalo, «Afro-Latino Voices», Indianapolis: Hackett Publishing, 2009).

Em reforço do que fora anteriormente dito, veja-se uma carta de 1550 de D. Diogo de Deus, rei do Congo, dirigida a D. João III, na qual tece extensas críticas à ação dos padres da Companhia de Jesus, queixando-se que o ofendem durante as missas. Sobre Jorge Vaz, autor da presente carta, chama-lhe "o principal deles" e queixa-se que este último dá más informações ao rei de Portugal, pedindo que seja chamado a jurar sobre aquilo que diz, pois "sendo religioso não deve negar a verdade"(ANTT, Corpo Cronológico, Parte I, Maço 67, Documento 40).

Esta carta integra a coleção Corpo Cronológico, fundo documental à guarda do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Trata-se de uma coleção principalmente composta por documentação de cariz judicial e administrativo, que abarca o período entre 1161 e 1696, à qual foi acrescentado um vasto conjunto de material disperso na sequência do terramoto de 1755. A datação dos documentos é critério principal de organização do corpo Cronológico, assim chamado pela mesma razão.

Support uma folha de papel escrita em ambas as faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Corpo Cronológico
Collection Parte I
Archival Reference Maço 82, Documento 48
Folios [1]r-v
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcription Tiago Machado de Castro
Main Revision Catarina Carvalheiro
Contextualization Tiago Machado de Castro
Standardization Raïssa Gillier
Transcription date2015

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yhũs Ao snor capitão da ylha de S thome cp M. N. Jorge Vaz snor

A graça paz e amor de chro nosso redemptor more sempre em sua alma amẽ: por o padre dioguo guomez laa ser como cõfio em ho snor que seraa / curarey nesta ser muyto larguo, soomte brevemẽte darey cõta a vm do q despois de sua ptida succedeo. os irmãos me escreverão poucos dias ha q el Rey totalmẽte queria ouvir pregação, e q defendeo q se não ensinasse a doctrina no ambiro a qual dos padres laa hia ensinar as molheres porq nũca podemos acabar ellas q quisessẽ vir a ygreja e assy mãdou q hũa missa q se cada dia laa hia dizer polla alma d el Rey ao seu avoo q se dissesse: e assy fez outros grandes stremos hũa carta que lhe inda quy escrevy o traslado da qual prazeraa a nosso snor q muy cedo ho mostraremos a vm de manra q jaa pareçe por estas obras q se vay este homẽ fazendo outro farao / tambẽ me escreverão e ysto afirmãdosse ser assy q muytas noites vay a cassa do mulato luis piz q aguora he sua alma / e ahy come marmeladas he folgua e nestas cousas e outras semelhãtes se exercita a gravidade de Rey q se preza muyto do nome de crianissimo / muy neçessario pareçe ser q el Rey nosso snor acuda rigor a estas cousas pois a tratalos sua a atee guora tãtos mimos e regalos, os tem postos no cume da soberba. porq crea vm que não tomão as cousas de s a como de pay e snor q os estaa criando tãtos regalos. mas tomanas como de pa inferior e daquy lhes vẽ por os pees por cima de tudo: / dou esta breve cõta a vm deixando tudo ho mais pa quãdo nosso snor for servido q vamos a essa ylha q prazeraa a sua divina majestade q seraa muy cedo. ho ptador desta he manoel de viana ho qual el Rey tem bem cõmunicado suas cousas e elle as sabe muy bem. devia vm informarsse meudamte por elle das cousas de qua pa q as escrevesse a s a porq os q de qua vão pa ptugal poucas vezes se lembrão de desenganar a s a como he rezão q seya / peço a vm por amor de nosso sor que ao pe dio guomez e ao irmão q elle vay faça çedo embarcar pa ptugal pois seraa grãde sço de nosso snor elle por sua infinita mia vissite sempre vm sua graça pa q em tudo o sirva pfectamte deste pinda a 11 de feverro de 1549

servo inutil ao snor e seu orador Jorge Vaz

Legenda:

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