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Maarten Janssen, 2014-

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1765. Carta de frei José de Lemos para frei Agostinho de Jesus Maria.

Author(s)

José de Lemos      

Addressee(s)

Agostinho de Jesus Maria                        

Summary

Frei José de Lemos conta ao destinatário que certas mulheres de Salzedas andaram a dizer estarem possuídas por almas de defuntos, pedindo depois missas, romarias e esmolas aos parentes dos mesmos. O objetivo da carta era o de fazer chegar o aviso ao Tribunal do Santo Ofício.
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[1]
Rmo Sr Fr Agostinho de Jhs Maria

Meu Irmão e Sr sempre da ma especial veneração estimarei

[2]
que Va Pe logre saude, para com ella fazer mtos serviços a Ds
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e se sirva da q me assiste em o que for de seu agrado.
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Amigo ja ha tempos, que ando com alguns estimolos na conci
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encia, q me obrigão a escrever esta, porq sei q em Va Pe esta prudencia
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capacidade, e segredo pa ponderar o que quero relatar-lhe.
[7]
Lembrado estara Va Pe que ha perto de 2 anns ou couza q o valha
[8]
que eu vi de hũa carta que Caetana Umbelina deste Lugar de Salzedas
[9]
lhe inviou, pedindo-lhe certos suffragios pa haver de se salvar a alma da maỹ
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de Va Pe a Sra Maria teixeira: Va Pe como Religo amo e prudente me in
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viou proguntar, que arenga era aquella? suppondo q poderia ter, ou alcançar al
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gua notícia; e não se enganou, porq tinha tido cabal conhecimto da arenga res
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pondi a Va Pe o q sabia no cazo, q era hũa Maria de Ramos deste Lugar Va
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de Manoel Miz, q andava com aquellas invençoens, de propositos, ou delirios. E
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inclinando-me a piedade, julguei q aquillo erão fatuidades de molherinhas, que
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poderia ter emenda com dizer-lhe a doutrina, e verdes de nossa sta . Assim o fis
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a ella, mas mal aceito; e dei a entender a Va Pe q não acreditasse o dito de doudas
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como não acreditou. Como politico respondeu a tal Caetana da Umbelina
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(hoje cazada com João dos Aos) como devia responder; e eu lhe entreguei a tal car
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ta, q a mandei chamar a Igreja pa lha dar, e tambem hua aspera correção sobre
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o seu falso zelo. E como a carta confirmava o q e dizia, e tinha dito, tambem
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o estimei, pa q visse q lhe dizia a verdade. Porem isto importou de pouco, porq
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sempre ficou no seu errado conceito, respondendo-me como por escarneo,: que sim
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seria tudo como eu dizia, q o q ella passava, so Ds o sabia, dando-me a entender
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q a tal alma tambem lhe cauzava suas dores. Emfim como vio, q eu era con
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tra, disfarçou o q pode, e entendo q com as Sras Irmãas he q mais se declara
[27]
ria, porq como neste negocio era procuradora de Ma de Ramos havia de fazer as ptes
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mto bem feitas pa as capacitar a fazer os tais pedidos. Esta carta, q foi a Va Pe escre
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veo-a hum cleriguinho, q abaixo direi, q este merecia com hũas boas diciplinas
[30]
por concorrer, e fomentar estes dilirios, a fim de comer, e do lucro de alguã missa.

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