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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0260

1668. Carta de André Lopes para o seu pai, Gaspar dos Reis, mercador.

SummaryO autor pede ajuda monetária ao pai por ter sido assaltado e estar sem ofício, contando apenas com o auxílio de um capitão português.
Author(s) André Lopes
Addressee(s) Gaspar dos Reis            
From França, Paris
To Portugal, Évora
Context

O autor das cartas é filho do réu deste processo, Gaspar dos Reis. O réu, cristão-novo, mercador em Évora, foi acusado de judaísmo, heresia e apostasia, pelo que foi preso a 10 de junho de 1668. No momento em que foi preso, tinha consigo uma caixa de tabaco, uma bolsa com 3216 réis, uma moeda de 5 tostões e alguns papéis. No auto-de-fé de 21 de setembro de 1670, foi condenado a abjuração em forma, cárcere e hábito penitencial perpétuo, penas e penitências espirituais e instruído nos mistérios da fé.

O réu, a sua mulher, os seis filhos de ambos e respetivos cônjuges foram todos acusados de judaísmo: Diogo dos Reis, ourives, casado com Maria Duarte; André Lopes, 20 anos, solteiro; Matias dos Reis, 17 anos, solteiro; Maria Pinta, casada com o primo André Lopes, médico; Clara Nunes, casada com o primo Manuel Lopes, tratante; e Ana, de 5 anos.

Manuel Pinheiro, estudante universitário, de 22 anos, filho de Gaspar Pires Pinheiro fora também acusado no processo de ser judeu e medianeiro de cartas e recados que levava à prisão. Esta e outras testemunhas confessaram ter-se achado em presença do réu, do seu filho André Lopes e de outros familiares, dizendo que todos eles declararam acreditar e obedecer à lei de Moisés.

No mesmo processo existem duas outras cartas, textualmente idênticas, com os mesmos autor e destinatário, e também com a mesma data, nos folios 35r e 38r.

Support meia folha de papel não dobrada escrita apenas no rosto.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Évora
Archival Reference Processo 800
Folios 37r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2362804
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Raïssa Gillier
Contextualization Leonor Tavares
Standardization Raïssa Gillier
Transcription date2014

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A gaspar dos Reis Meu paỹ e sor||senhor gde||guarde Deos Evora jezuz Ma Pariz = 30 = de julho de 668

De a rochelle escrevi a Vm tres cartas de q te agora não tenho tido reposta querera Ds não seja por falta de saude antes a tenha mto boa pa meu emparo e de meus queridos irmãos a quem me recomendo com mtas saudades, quando escrevi a Vm lhe pedia mto me fizese Logo Reposta e me mandase dizer pa donde era a gornada e como não sei se sarião dadas as cartas a Vm o torno a Recomendar a Vm e dizendo lhe me mande as cartas Remetidas a rochelle a Monseur david blanchete q por via de Andre Luiz martim podem vir mto bem

quando me vin de a rochelle pa esta sidade me vin como dezesperado e me vin com tensão me asentar nas guardas do rei o fazer ỹornada pa flandres pa me sentar na guarnisão q fica nas prasas mas como me sosedese daqui trinta legoas o ficar atras da companhia chegando dentro de hum mato me sairão tres homes com tres espingardas e querendome roubar como fizerão me quiz defender e tirandome o pro tiro lhe fogo a espingarda e chegandome a ele lhe cheguei com a espada e o molestei bem de q se emfadarão os camaradas e me apanharão as mãoos e me derão huma estocada bem millagroza pelo peito esquerdo e me derão tão poucas pancadas q Me deixarão por morto te q veio hum almocreve e me deitou huma pouca de agoa com q emtrei em mim e como os fransezes sejão de bem caridade pa os estranjeiroz me trocce a cavalo vinte legoas e me deu de comer e donde quer q chegava me fazia curar pelo amor de Ds; emfim chegei a esta sidade e como trocce algum sange pizado no corpo pedi a hum barbeiro se me qria sangrar e me deu Des sangrias com q fico mto bom e da ferida me fico ainda curando; e quis Ds topei aqui hum capitão q me conhesia de portugal q pedio A hum homen de huma estalagem tivese cudado de min e em sua caza fico e me fica dando de comer te ver se Vm me escreve porq escrevendome Vm me mandara algum salero q bem sabe Vm se eu sabera ofisio de q pudera viver não avia emfadar maiz a Vm asim não sei o q fasa nas gurdas dão doiz vinteiz somte e tendo o homen q se asentou nelas foi pa toda a vida e se foie e o apanhão não tem Remisão alguma de morer e se me vou pa flandres não poso porq estou mto fraco e não he so iso senão não tenho hum real asim me rezolvo a ficar aqui e pasar como puder ate ter novas de Vm A Mel Lopes e Andre Lopes mtas saudades e q lhe não escrevo porq pode ser q não tenha pa comprar papel Ds gde a Vm

Andre Lopez


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