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Maarten Janssen, 2014-

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1576. Cópia de carta de Manuel Leitão, ex-guarda do Santo Ofício, para Álvaro Mendes

Author(s)

Manuel Leitão      

Addressee(s)

Álvaro Mendes                        

Summary

O autor agradece as ajudas prestadas durante o seu cativeiro, dá noticias do que com ele se passa e faz algumas recomendações sobre outros conhecidos.

Text: -


[1]
Snor Noso snor de a vm tanta vida e saude e descanso como deseja amen.
[2]
ha hora q noso sor me fez merce de o v a primeira vez ainda q nunqua o tinha visto conheci logo en sua pa sua grande bondade e vdade
[3]
e crea q com iso atee o psente não sinto nada minha prissão cõparação do q antes a sintia
[4]
e por assi ser descobri a vm meus segredos e alheos q ẽportão tanto como vm sabe
[5]
e noso sor lhe pague coãtas merces me tem feitas porq eu nam sam bastante pa isso senão o encomendar a noso sor como sẽpre faco
[6]
e numqua serei emgrato se noso sor daqui me tirar algũa ora pa o servir como seu cativo
[7]
este portador me disse q lhe mandase dizer o q qua me mandou e tambem o q lhe deu a elle que he o seginte.
[8]
a primeira vez me troxe duas camissas novas e seis tostois hos quaes por heu saber suas ncessidades q sam grandes lhos dei.
[9]
it per outra vez me deu hum queijo.
[10]
it per outra me troxe ũa pouca de pimenta e cravo.
[11]
it per outra vez hũa pescada sequa.
[12]
o q diz q vm lhe deu pera elle he o seginte.
[13]
it per hũa vez hum cruzado e por duas vezes cada hũa hum tostão per outra coatro vinteis por outra vez seis vinteis pa duas pescadas hũa me deu como digo outra pa elle
[14]
isto tudo como digo he o q diz q vm lhe deu he se isto nam bastar veja vm o que soma tudo en dro e mandemo dizer he mandarlhei hum assignado como o receby de vm
[15]
e facame merce dizer aos sores amigos q me não mandem nada atee q me não mãdem dizer se ha algũa cousa desa pobreza que ficou onde sabem e q então mandarei pedir o q ouver mister porq elles não me estam em nenhũa obriguacão senão por suas bondades he vtude ho queren fazer
[16]
he coando não ouver nada trinta rs q me dão me mãterei como lhe qua fiz ainda q seja como o trabalho q noso snor sabe e en poder de quem mto pouco lhe lembra
[17]
isso se não aperearme cada vez mais como dira o portador.
[18]
he q me respondão aos dous q lhe mãdei tantos cerrados derradeiros
[19]
e disto folgarei vir logo a reposta de vm.
[20]
qua nam ha novas que lhe mande mais q este velhaco magarefe de bezera foi os dias passados chamado a mesa pa reconhecer hum homẽ ho que elle chama o ãoRiquinho q prenderão pouco ha q veo de costaninopla e q ha de fazer com elle grande dano nesta terra.
[21]
he tambem loguo como vm de qua for escreveo mtas cousas a mesa q aqui passou antes q o prendesem e outras mtas embrulhadas q tem feitas de q agora não dou conta porq não sei se se enfadar a vm com isso
[22]
outro dia o farei se me der lca
[23]
he tambem murmura qua de vm que lhe prometeo hum vistido e q nam lho mando q como daqui sair q lhe ha de fazer hum ferro
[24]
mas vm lhe dee hũa figua he não aja medo delle nẽ veja nem vaa a sua casa nem de nimgem nem tenha com elle nhũa comversacão porq he hum mao bargante bebado
[25]
este conselho tome de mim como de grãde amiguo porq elle ficara como quẽ he.
[26]
peco a vm q por este portador me mãode hum piqueno de pano pa mandar qua fazer a estas presas hum par de tocadores pa a cabeca porq sam mto mal desposto dellaa
[27]
e leveme em cõta tanto atrevimto porq a ncessidade ho causa
[28]
he o tempo da prissão tam conprido he mais presos necessitados não tem outro officio senão pedir.
[29]
aos sres companheiros se lhe parecer me faram beijar as mãos por min
[30]
he mandeme dizer se sabe como esta meu primo luis Aires he nam lhe falle em min.
[31]
pecolhe me leve conta tãotos enfadamtos
[32]
noso sor o tenha da sua mão sempre he o livre de trabalhos he todos suas cousas.
[33]
seu cativo

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