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Maarten Janssen, 2014-

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1820. Carta do físico-mor do Maranhão, António do Rego, ao cirurgião António José Nunes.

ResumoO autor informa o destinatário do acolhimento que o seu filho está a merecer em São Luiz do Maranhão.
Autor(es) António do Rego
Destinatário(s) António José Nunes            
De América, Brasil, Maranhão
Para S.l.
Contexto

Em 1823, António José Nunes, cirurgião do Hospital Nacional de S. José, processou o próprio filho por culpas de vadiagem. Depois de uma sentença de degredo para a Índia por cinco anos, o pai reconsiderou e perdoou o filho, Ezequiel Nunes, de modo que a sentença foi revogada. Na súplica que o pai dirigiu ao Corregedor do Crime do Bairro da Rua Nova (Lisboa) está o elenco das suas queixas, que incluem a memória da passagem do rapaz pelo Brasil. O processo inclui também duas cartas de 1823 de cirurgiões do Hospital Nacional de São José (um explicador particular e um professor particular de anatomia) atestando que Ezequiel Nunes era "muito descuidado nas obrigações de estudante". Note-se que, num período de grande agitação política, – o Vintismo mostrava-se incapaz de resolver os muitos problemas do Império Luso-Brasileiro – as redes de apoio e de clientelismo pareciam continuar a funcionar e a Índia permanecia como estímulo corretivo. Transcrição normalizada da referida súplica [Cad. [1], Fl. 2r]: «Diz António José Nunes, cirurgião aprovado, morador na Rua dos Algibebes [...], que entre outros filhos que tem, há bem assim Ezequiel Nunes, ao qual havendo-lhe dado a educação necessária, procurando-lhe até uma loja para aprender o ofício de serigueiro de chapéus da qual fugiu, passou o suplicante aplicá-lo à sua mesma Arte de Cirurgia no Hospital Real de S. José, que exercitou por espaço de 3 anos, porém inutilmente sem estudar, vadiando e praticando desatinos, de sorte que o suplicante, para salvar o seu crédito e evitar a total ruína do dito suplicante, conveio que ele fosse para o Maranhão, sendo recomendado ao Físico Mor António do Rego, o qual logo o empregou no hospital da mesma cidade, vencendo 10{#//teiHeader/fileDesc/sourceDesc/letDesc/additional/note[@subcat="context"]}0 réis por mês e ração; mas no fim de 6 dias, desamparou e fugiu para bordo de uma charrua e vindo a terra cometeu a aleivosia de extorquir um relógio e cadeias de ouro ao dono da casa em que estava hospedado [fl. 2v] passando a vender os ditos trastes por cujo facto foi preso e voltando a esta cidade, lhe fez o suplicante assentar praça no Batalhão n.º 3, destinado ao Rio de Janeiro, de que logo deu baixa. O suplicante ainda quis ver se o dito seu filho tomava novo caminho evitando a sua ruína, tornou a mandá-lo para o Hospital Real de S. José aonde anda há [justo?] de 4 anos, inutilmente, porque se entregou ao ócio e vadiagem, inda lhe extorquido de casa alguns livros e miudezas. [...]».

No suporte, há abreviaturas que foram riscadas pelo destinatário quando entregou a carta ao juiz enquanto prova: trata-se das abreviaturas de "Ilustríssimo" (no sobrescrito e na cabeceira da carta) e de "Vossa Senhoria"; presumivelmente, as rasuras foram motivadas por regras de etiqueta (afetação de modéstia).

Suporte meia folha de papel dobrada escrita na primeira face e com sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra E, Maço 1, Número 24, Caixa 2, Caderno [2]
Fólios 6r-7v
Transcrição Sara de França Sousa
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Miguel Cruz
Modernização Clara Pinto
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2009

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