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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0647

1756. Carta de José da Costa Martins para o seu pai, Luís da Costa Martins, negociante.

SummaryO autor relata detalhadamente ao pai o que aconteceu em Lisboa com o terramoto de 1755 e refere que o pós-terramoto se tornou num momento de rendimento para negociantes (que era a profissão do seu pai), sendo assim uma boa altura para regressar a Portugal, para junto da sua família.
Author(s) José da Costa Martins
Addressee(s) Luís da Costa Martins            
From Portugal, Lisboa, Calçada de Santana
To S.l.
Context

Processo relativo a Luís da Costa Martins, acusado de bigamia pela Inquisição. Estando casado com uma mulher em Lisboa, voltou a casar em Goiana (Pernambuco), depois de emigrar para o Brasil. Neste processo, estão contidas três cartas: uma da primeira mulher do réu (PSCR0645) e duas do filho (PSCR0646 e PSCR0647), todas implorando por notícias e pelo seu regresso.

Manuel Rodrigues, morador em Pernambuco e oficial de alfaiate, era amigo do réu, e este pedira-lhe que, quando visse navios virem de Lisboa, perguntasse por cartas para si. Manuel Rodrigues assim fez. Ao receber duas cartas, reparou que uma delas era de uma mulher e a outra de um filho, o qual andava a aprender a arte de boticário. Quando confrontou o réu, este confessou ser casado em Lisboa e, depois da insistência do amigo, prometeu que no ano seguinte regressaria para a primeira mulher. Quando o amigo lhe perguntou por que se casara de novo naquelas terras, disse "estar apanhado entre portas com a mulher" (fl. 14v).

Durante os interrogatórios feitos pela Inquisição, o réu confirmou as suas culpas, dizendo que apenas esteve casado pela segunda vez por dois ou três meses e que logo fugiu para Portugal. Também disse que se casou por ter medo de que a família daquela mulher o matasse se ele não o fizesse. Foi sentenciado ao degredo para o Algarve por quatro anos e a penitências espirituais.

Support uma folha de papel dobrada, escrita na primeira e na terceira faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 294
Folios 12r, 13r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=2300167
Transcription Mariana Gomes
Main Revision Raïssa Gillier
Contextualization Mariana Gomes
Transcription date2015

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J M J Lxa. 15 de fevereiro de 1756 as

Meu Pay mto da minha Veneracão, Na minha Alma mto estimo e minha May que a Vmce, ache estas, Limitadas Sifras, com a Saude que Vmce dezeja e Nos dezejamos a nosa tam bôa que tendo nos o grande Sentimto da falta da sua notiçia, pello, Cuidado que temos tido, Nos sobrebeyo O Grande Tarramoto, de Sorte, que, ficou, toda a sidade de Lxa., ARazada, e isto não hera nada se não fose, o fogo, quinze dias, do Roçio athe Palaçio e athé a boa Vista, e athé o chafariz, de El Rey; finalmte morreo duas partes de jgente, desta Grande, e tam Nober, Corte, isto não, ahinda nada para o que se segue, pramte, os homens de, Negosio quaize todos não , perdidos, porem chegarão, alguns a pedir, esmolas, sem lhe ficar, huma Camiza, e toda a gente fugindo para os Campos, e dor-mido. vistidos sober a terra, mais de dous mezes isto mta gente, que nunca sairão, de Caza; todos os bons templos Conventos e fergezias tudo veyo a terra, somte São Sabastiam da pedreira ficou em pêe, e alguma irmida, porem aRuinadas de sorte que estamos ouvindo missa Nos Campos em Barracas, porque Ds Nosso Snr nos não quis na sua caza, pellos dezacatos que se fazião, e para mayor pena a igreja de N Snra da Penha de frança e honde moReo mta jgente, e sendo o dia, de todos os Santos pellas nove oras e meya da manhâa que estavam as Igrejas, todas cheyas de gente para se confeçarem por ifeito do Jobelleo; Vmce saberâ que, a gente toda estâ aBaracada pello Campo do Corel e pello Rapto e pello Campo de Santa Clara athe a graça, e pella fontinha e por quitas; os fidalgos a mayor parte, delles mto pobres que se quimou, todas as cazas suas, e de Rendas, as freiras todas pellas Ruas o dezemparão, o que nunca se vio nem se verâ, o Noso Rey e pesoas Reais tambem da mesma Sorte, porque o aVizo de Ds Veio para todos, de sorte, que se não, deviza mais o Rey dos fidalgos nem os Dezembargadores nem o Nober nem o maca-nico, dos pobres tudo agora sam pobers porem tem havido mtos Ladroens e aCa-baraose as demandas, e isto chegou a mtas partes, setuval toda aRazada, pinhixe e cascais e finalmte, tudo em mourama sertamte em huma mão de papel, não conto os susedidos, para que Remeto a Vmce os papeis, que melhor, mostrarão a verdade, de tão grande Lastima e compaixão, isto foi bom pa os Os prezos e prezas o mais ficarâ para a Vista. Como agora esperamos.

Meu Pay Agora que fazer, Negocio Nesta Corte Com bem pouco dinheyro alguma gente que se lhe não quis queimou o seu Remedio tem feito altissimo Negoçio nesta Corte tambem dou parte a Vmce, a grandeza, de Ds que tam bom que nos tem dado mta fartura, tudo Barato como temos experimentado todos os dias e malquerensas, e mulheres que não fazião Vida, com seus maridos tudo estâ na garsa de Ds e todos muto tementes pelo que, virão com os seus olhos e a vista desta veja vmce, como não havemos de andar Com Ds, pellos amiasos q Com que Continuamte nos estâ mostrando a vista dos olhos que de contino estâ tremendo a terra Louvado seja Ds para sempre

Meu Pai Vmce mto bem sabe o Como Nos poderemos estar e o, que temos pasado não sey se diga, que Vmce nos tenha perdido o amor, por expirimentarmos quando mais não fose ao menos Letras suas veja o dezemparo Como asima Relato e a sua falta, pelo porque eu pella Bondade de Ds, não mereso a sua falta porque semper o fes como Vmce me dezeja e minha, May porem nem asim lhe mereso a Vmce aquelle sinal de Pay, pello que, expirimento mas não por falta de estarmos Continuamte Rogando a Ds, e a Marria Santisima, por Vmce, para que nos fasa partisipante da sua vista que, , o que mais dezejamos, porem Vejo que Vmce, não terrâ ese ese gosto esteja Vmce serto que eu nunca hei de faltar Como filho obidiente, e Vmce, farâ co-mo Bom Pay pois asim o esperamos Meu Pay Nos estamos Na calsada de Sta Anna na botica defronte de N Snra da penna eu estou com o tio thomas Como lhe mandey dezeyr athe qdo Ds for servido, e Vmce detriminar; não, Se esquesa meu querido Pay de me lansar a sua Bensoa para que Ds me, Continue com a mesma, asistensia como athê agora, e saiba meu Pay que são mais as lagrimas destes meos olhos ao fazer desta, que a propria tinta destes meus erros, porem se Ds perdoou a tantos que o oufenderão qto mais perdoarâ Vmce a mim falto de sua asistensia pella falta da sua doutrina porem como de Vmce espero o perdão, de Ds Noso Snr lhe todas as feliçidades Como Vmce dezeja e eu, etc

Deste seu filho que mto lhe quer e ama athe a morte Jozé, da Costa, Miz

Legenda:

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