PT | EN | ES

Main Menu


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

PSCR0640

1786. Carta não autógrafa de Rosa Maria para o seu marido, Luís António Viana, marinho.

SummaryA autora pede ao marido, emigrado no Brasil, que volte para Viana e a ajude a criar a filha.
Author(s) Rosa Maria
Addressee(s) Luís António Viana            
From Portugal, Viana
To
Context

Luís António Viana estava emigrado no Brasil havia treze anos quando a sua mulher, em Portugal, lhe escreveu duas cartas a pedir que regressasse para a ajudar com as despesas e com o sustento da filha. Contudo, as cartas não chegarem à mão do marido, mas a um seu homónimo (Luís dos Santos Viana), comissário e familiar do Santo Ofício. Mal recebeu as cartas, vendo denunciada pela autora das mesmas a falta de notícias durante os treze anos de ausência, estranhou o caso e entregou-o à Inquisição, para que se averiguassem as condições da vida de Luís António Viana no Brasil. Feitas as devidas diligências, verificou-se que aquele estaria casado com Ana Francisca, havendo várias testemunhas que sabiam, desde os tempos em que ainda não tinha emigrado, que o réu tinha casado antes em Portugal.

Algum tempo depois de ter chegado ao Brasil, quis casar em Cabo Frio, mas os seus patrícios colocaram-lhe alguns entraves por ter essas intenções e acabou por não casar. Passados sete meses, casou no Rio de Janeiro, indo depois morar para uma praia chamada D. Manuel.

O portador destas cartas foi José Luís de Azevedo (solteiro, 25 anos, natural de Viana do Castelo, que vivia da pesca). Ao chegar com uma corveta a Viana do Castelo, a caminho de Cabo Frio, no Brasil, onde vivia, apareceu-lhe Rosa Maria pedindo que entregasse as cartas ao marido. A mulher do réu soube da existência de José Luís de Azevedo por intermédio do seu pai, Félix Salgueiro, que também se dedicava à pesca e que o havia conhecido no dia anterior. O portador não queria levar as cartas porque levaria muito tempo a encontrar o destinatário, mas acabou por aceder ao pedido. Ao chegar a Cabo Frio, ficou doente, sendo internado no Hospital da Misericórdia. Aí encontrou um patrício que lhe perguntou se sabia se a mulher de Luís António Viana estava viva, porque conhecia o cunhado da segunda mulher do réu. Ao sair do hospital, foi ter com José Luís, o tal cunhado da segunda mulher e, levando-o para casa, ele confirmou que o réu era casado em Viana e que a primeira mulher estava viva. O réu, nessa altura, estava fora a trabalhar, com um contrato das baleias.

O processo inquisitorial está incompleto, não tendo chegado até nós a sentença ou qualquer outro dado processual.

Support meia folha de papel escrita no rosto.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 4060
Folios 13r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2304033
Transcription Mariana Gomes
Main Revision Catarina Carvalheiro
Contextualization Mariana Gomes
Standardization Catarina Carvalheiro
Transcription date2014

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

J M J

Meu Luis Aqui te remeto estas duas Lemitadas Rereguas estimarei qe te ache acompanhado daqueLa perfeitisima saude como o meu afeto te dezeja acompanhado daqueLa favorável ventura qe o teu gosto mais deezeja qe a ma o perzente he boma em companhaia da nosa filha Roza etc

Meu Luis pesote peLo amor de ds e peLas sinco chagas de jezus chirto qe venhas pa vianna pois ja he tenpo a treze annos qe por La andas ja he tempo de vires pois tens huma filha qe esta ja do meu tamanho e he tenpo de fazeres conta deLa e Nos estamos tarvalhando de note a mais de dia estamos pasando estreitas Nesidades e te peso qe venha pa tumares conta da tua filha pos eu estive e mais tua filha acarmentadas con a grande maLina e considrando eu qe se moRese qe ficava a ma filha desemparada e asim te peso peLo amor de ds e peLas dores de maria santisima qe Nos venhas emparar com a tua vista a mim me custa mto a trazeLa como a targoa qe des qe tu daqui fostes senper folgei dde a tarzer Limpa e asiada comforme as mas poses porqe ven saves qe custa mto a Levar a vida as Novidades desta teRa he qe moReo o Noso Filho de vexigas mta Morte Repetina moReo o mestre Luis moReo de Repente moReo o mester mel porteLa moReo mester Lixander e mais avaria gente da mesMa morte Reppetina

Luis o Noso compaDer pedor gonsalves me dise qe te escrevese e te mandase chamar pois tinha ca ters embarcasonis eLe se acha cansado e te quer dar huma deLas pa tu governar e com isto Não te enfado mais So de ti espero a Resposta desta quanto mais verbe milhor ou melhor sera qe tu sejas o coReio da tua sospirada Notisias

Desta tua escarva qe mto te dezeja ver Hoje 2 de marso vianna de 1786 a Roza Maria

Legenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Download XMLDownload textWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow viewSentence view