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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0543

1714. Carta de Manuel Gomes Rodrigues, cozinheiro, para a sua mulher, Maria Gomes.

SummaryO autor dá notícias à mulher quanto ao seu estado de saúde e envia lembranças para outros familiares.
Author(s) Manuel Gomes Rodrigues
Addressee(s) Maria Gomes            
From Portugal, Lisboa, Santos
To Portugal, Viseu, Travassós
Context

Este processo diz respeito a Manuel Gomes Rodrigues, acusado de bigamia por ter casado com Antónia Josefa (filha de Caetano da Silva e de Maria da Encarnação), com quem esteve casado apenas alguns meses, estando viva a sua primeira mulher, Maria Gomes.

Manuel Gomes Rodrigues viveu com a sua primeira mulher durante três anos e tiveram três filhos, dos quais apenas sobreviveu uma menina. Depois de cometer o crime de incesto com uma comadre sua chamada Luísa, o réu envolveu-se em algumas brigas e, em consequência disso, ausentou-se para Moimenta da Beira e, depois, para Lisboa, onde terá conseguido a certidão de banhos para o segundo casamento através de um estudante chamado Crispim da Fonseca (filho de um contratador de bois), que tinha ordens menores e a falsificou com a ajuda de Domingos Fernandes (o qual serviu de testemunha), que, por 720 réis, tratou de arranjar maneira de Manuel Gomes Rodrigues ser visto como solteiro.

Depois que se soube que a primeira mulher ainda estava viva, o réu tentou matá-la envenenando o pote de água que ela havia de beber, tendo dado testemunho disso o abade João Rodrigues Leitão, vizinho da mesma. Consta do processo que a dita mulher terá pressentido que a água estava envenenada e que não a bebeu. Descobrindo depois que as suas suspeitas eram verdadeiras, Manuel Gomes Rodrigues ainda a agrediu batendo-lhe com um pau na cabeça e nos braços. Ouvindo os gritos da mulher, muita gente a foi acudir. Terá tentado afogá-la, deixando-a quase morta.

Manuel Gomes Rodrigues foi denunciado à Inquisição por Manuel da Cruz (criado de cozinha de Francisco de Melo, "O Vacas"), o qual ouviu dizer ao criado do abade João Rodrigues Leitão, chamado Manuel Marques da Silva (seu primo), recém-chegado à cidade, que o réu já era casado. Sabendo que este se tinha casado há pouco tempo com outra mulher (cerca de um mês), resolveu denunciá-lo. Manuel Marques da Silva terá tentado avisar o réu de que o segundo casamento poderia levá-lo à prisão e, quando se ia embora da cidade, escreveu uma carta (PSCR0541), na qual menciona o facto de a primeira mulher do réu estar viva.

As cartas inclusas no processo foram entregues à Inquisição por João Rodrigues Leitão, o qual, através das mesmas, provou que Manuel Gomes e Manuel Rodrigues eram a mesma pessoa, ou seja, o réu, ainda que ele usasse um nome diferente em cada cidade.

Em auto-da-fé de 16/02/1716, o réu foi condenado a abjuração de leve, açoitamento público, degredo por cinco anos para as galés, penitências espirituais e pagamento de custas.

Support meia folha de papel não dobrada, escrita no rosto e no verso.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 4956
Folios 35r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2304958
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Catarina Carvalheiro
Contextualization Leonor Tavares
Standardization Catarina Carvalheiro
Transcription date2015

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Minha mto caixoza esttimarei estas duas regas achem a Vmce com perfeita saude como dezo pa min da minha desponha como minha pa fazer tudo o q me ordenar como seu cativo de Vmces mais de minha cunhada mais de minha minina heu estou mto ceixozo por não ter carta de Vmce pois lhe tenho remetido tantas sem ter reposta de nehuã pois vem todas as Cazas as pas cartas de meu pro dece pais pois estamos perto huã da hai tar agora faca esta avintura a ver se tem reposta pois tinha escervidolhe desem a a Vmce meia moeda q me ficou em memeta da Beira e tomara saBer se estava Vmce emtero oje heu não va lha mandar vir pois tive a fertuna de huã moca de caza me RoBar tudo coanto heu tinha ainda não Bastou o meu senão os de meu hamo huã colheres de prata e tudo fica a minha casa e por iso remeti esa carta a meu irmão pa me hir vender tudo a a moenta da Beira e saBer de ele como vende as couzas q me lhe ficaram con a vida de Vmces mais dele dizei o q hei de fazer do dir porq heu não sei coaando hirei desta corte porq não sei Coando sera garda pa hesa tera pois disto não ha poremse ha parte agora peco a Vmces me de novas suas mais de minha cunhada mais de soas tias todas pramte do conpe mel mto tinha mais de comader Carmen mais da Comader BarBara mais do compe joze pelu fz e dezo dar eses a mas emigas todas e mais mandeme dizer como estam os emventarios de meu aBou e dizelhe q a mim não se me perde justica inda q seiga duzentos anos q heu Bem sei Bargue prazo e LiBoa e q se não fizerem como devem q sahi como para a Bahia desta corte porq se não for por gustica ha de ser por espada mais q fui Bi q no mesmo dia foram por esta forrCa q não cudem q por estar em LisBoa ham de fazer o q lhe quicerem porq ca ha quem manda saBer todos os menistros e q se estiver em Bando q ha de ser da caza e he hir heu La dentro em tres dias q pa hiso tudo ha remedio escervam Vmces Logo porq so hiso me fara sahir por q não cuidem q heu de qubro de Vmces pois heu estou fino da tera dize o compe mel q faca tudo o q puder q q as pedem se encantem e con isto ds gde mtos anos hoije 4 de marco de 1714 anos

deste se cativo Mel Roiz Pouceiras

ponha asimma soBerescrito


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