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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0528

1781. Carta de José de Saldanha, militar, geógrafo e astrónomo, para a sua mulher, Mariana Efigénia da Fonseca Pereira.

Author(s) José de Saldanha      
Addressee(s) Mariana Efigénia da Fonseca Pereira      
In English

Love letter from José de Saldanha, military, geographer and astronomer, to his wife, Mariana Efigénia da Fonseca Pereira.

The author is very affectionate and wistful, telling his wife some news about his early days in Brazil and emphasizing how he misses her.

José de Saldanha was accused of bigamy, having married in Brazil with D. Ana Joaquina Tomásia while is first wife, D. Mariana Efigénia da Fonseca Pereira, was still alive, living in Lisbon. The defendant argued that he did not knew about his marriage with Mariana Efigénia. According to him, she misused some letters of attorney to get married to him without his consent. Mariana Efigénia, however, had three love letters that the defendant wrote to her, and presented them in court. The process does not contain informations about any sentence.

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Minha querida Mariana tanto do meu C deste modo q te pertendo encinár, deste modo que te quero confundir, deste modo que me mostro enfadado, e finalmte deste modo q evidentemte te dou a conhecer o meu cuidado, o meu Amor, a ma firmeza, a ma lembrança, a minha saudade; mas talvez ainda me não entendas, porq pode ser que te chegue primro esta á tua mão, do que huã extensa carta q prezentemte te estou escre-vendo pa hir em direitura a essa cide em o primro dos Navios, dos q estão a sair por es-tes quinze dias, nella me queixo amargamte ou pa milhor dizer se queixa o meu sentimto de ver chegar aqui tres Navios dessa terra, q sairão no principio de Março, treze dias depois da nossa partida, e eu me vi sem cartas, e sem noticias algumas.

Imita-me sequér ao menos nisto, emprégo todo o meu cuidado em esquadrinhár modos de te alegrár, e como, supondo-me por mim, acho isto da comrrespondencia o unico ali-vio na Auzencia eu to pertendo dár; eu procuro, eu exami-no por todas as partes as ocazioens de Na-vios, ou pa essa, ou para o Porto: Assim ago-ra como parte este primro do que o que vai para essa, eu fiz parar hum pouco a outra ma carta, emquanto te fazia esta.

A meu Bem, meu Amor Deus permita q tu estejas boa, q tu te devirtas, e que te não tenha faltado couza que alguma, porq todo o meu dezejo, o teu descanço, a tua alegria; Ah ma Cara Menina, se disto eu tivece a certeza; a certeza sim de q te não consómes concervando-me sem-pre o teu fiel Amor, emtão que pode-ria talvez ter refrigerio o meu pezar. Ou-tra Molestia eu aqui não padeço, o Ar são, fertil o terreno, solitarios paceios, a-praziveis á ma melancolia, Dizem que boas Quintas, eu o não duvido, porq tudo aqui são bosques de altos Arvoredos; convivencia aqui não nenhuma, porq se ha Raparigas algumas q sejão boas, o q eu certamte inda não vi, estão escondidas, ou metidas por dentro de miudas Rotulas de q se compoem todas as genellas; De dia não se huma unica Mu-lher branca; de noite o que aparece pellas ruas são algumas das corridas, inda essas de feissimas caras, misturadas com Mulatas outras q tais: emfim tudo máo, e assim deve ser onde falta a ma Mariana. Oh meu Amor se eu te tivéra, de tudo se me da-va bem pouco; ágora que me arrependo de te não ter mandado vir logo depois de rece-bida comigo, para aqui: o meu Amor que me tem reprezentado isto como facil; na Car-ta q agora te estou escrevendo te falo nisso com maiores explicaçoens. Mas eu não sei se o dezejo q me alucina.

Deixame pois concluir esta carta pa tor-nár á outra. Péssote não te esqueças de mim q vejas se podes tãobem escrever pello Por-to; mandando falár nisso ao Lxa, pessote plo Amor de Deus não exprimentes falta algu-ma; porq quèro q avizes ao do Lxa pa q elle te o q precizares, e el me avize pa lho sa-tisfazer. Não digas a ninguem que eu te escrevi agóra porq eu o não posso fazer nem ainda pa caza. Avizame de tudo o q te tem socedido e aDeus Rio de Janro 7. de Abril de 1781.

Mto teu do C Jozê.


Legenda:

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