PT | EN | ES

Main Menu


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

PSCR1276

[1600]. Carta de Álvaro Vaz para Miguel de Castro, arcebispo de Lisboa.

Author(s) Álvaro Vaz      
Addressee(s) Miguel de Castro      
In English

Inglês:

Translation by

If there is no translation for the letter itself, you may copy the text (while using the view 'Standardization') and paste it to an automatic translator of your choice.


Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

Ao Sõr Arcebispo de Lisboa E meu Sõr Ilustrissimo Snor

Dee nosso Snor a Vossa S espirito de verdadeiro e sancto pastor ao qual officio convẽ não espedacar, mas apascentar, dar vida, cöservar defender, e por a vida com o verdadeiro pastor Xpõ meu sor, per impedir tantos peccados mortaĩs de testimunhos falsos quantos se cometẽ ca dia nas casas da Inquisisão de Portugal ho qual tanto se alegra o in-ferno ,(como a fe nos ensina) e tanto festejão os Inquisidores (como a ex-periencia fes conhecer) q foi de scerta sciencia q servẽ as Inquisisões de Portugal de escolas pa ensinar judaismos, o heresias aquelles q não sabendo mais q ser christãos, erão mais catholicos q os Inquisidores, ho q testimunho e sei de certa sciencia, q oje dia trabalho de redusir almas a Xpõ meu sor, as quais elles laa nas Inquisisões perverterão, ou forão a causa de sua perversão, e perdisão. de modo q são as Inquisisões de Portugal alfandegas do inferno onde se se pagão aos demonios tributos de juramẽtos falsos, e testimunhos falsos, e tantos males se seguẽ, o qual an de pagar a Ds mui bem os Inquisidores, não ficando isentos de culpa hos q pelos Inquisidores indusidos, ou movidos de ameças ou per tormẽto, cometẽ as tais culpas, q isto sei de certa sciencia, q o anno q injustamẽte como Anas, Caiphas, e Pilates, injusta e falsamẽte derão cõtra mim sentẽça, matarão tres pesoas tormẽtos, foão mel Thomas escrevẽte de Evora, frco d oliveira de Villa viçosa, e outra pesoa de Serpa. E quãtos quantos testimunhos falsos forão queimados. Ds vee, e affirmo q sofre mais os hereges de Gineva, e Rochela do q lhe agrada a Inquisisão de Portugal. E ha VS pode escusar desculpa na morte de Xpõ nosso sor, os q podera excusar os Inquisidores da Inquisisão, e quer saber VS quanto q ameaçando me, e fasendome diser testimunhos falsos disião q assistia naquella mesa da Inquisisão o spirito s no q sei de certa sciencia q blasfemavão, porq o spirito sancto não pode assistir a falsidades, de modo q delles mesmos, per altos juisos de Ds, e pa perdissão sua, estao escondida a diabolica invenção q procedem. Eu lhe escrivi quatro vezes retratandome dos testimunhos falsos q ameacos de morte desestrada me fiserão diser, obedecendo ao preceito de meus cõfessores. VS pode ver a carta q a elles escrevo esta, e pesso q as mostre a mesa da consciencia, e aos snres guovernadores, e os desembargadores do passo e todos os doctores Theologos de Portugal e obrigo a todos per preceito de charidade christã mandem, e fação restituir, e restaurar a honra de Ds causarẽ tantos males a seu sacerdote; e escandalisarẽ os Catholicos cuidando aver caido sacerdote culpas hereticas e alem disto pa q outros per meu exẽplo não caiõ en culpas ou heresias, q falsamte me imposerão; e obrigo aos Inquisidores sob pena de maldição de Ds q me restituão toda a honra, e danos q causarão. Alegrese VmS q teve seu Bispado cõfessor e sacerdote q ainda q não tam dignamẽte, todavia legitimamẽte fasia seu officio no q a elle tocava, sempre tive intenção de celebrar, e cõsegrar, na missa, sempre tive intẽcão de absolver nas cõfisões, tanto q acõtesia per escrupulo repetir duas veses a forma d' absolvição, e assi seria eu absoluto a hora da morte polo cõfessor como tive sempre intenção de absolver e assi nos mais sacramẽtos q ministrei, e recebi pelo q pesso a VS e ainda obrigo mande publicar isto as terras de seu Bispado pa honra de Ds a a qual deve prevalecer mais q o credito dos inquisidores, e não os tema VS q isto he obrigação de direito natural, q tẽ força cõtra tudo ho positivo e digo mais q envejando o demonio as confissões invalidas, q pela pregação do Evangelho da na terceira dominga da quaresma, me vinhão a mão, e sabendo como Eu ẽcaminhava as almas, misit in cor eorum, ut traderer ego: vierãome cõfissões de dous annos; de anno; de sete, e de desoito, hũas per vergonha de culpas, outras per ignorancia de cõfessores, isto quis o demonio me pedir, mas Ds tirando de males, bens da a aprender diversas linguas pa q tendo Eu todo o mundo per aposento em diversas linguoas sirva a Ds q en hũa per ameassos dos Inquisidores ho offendi faça VS merce escrever e ẽcomendar ao prior da igreja de S Pedro de Torres Vedras q mande cõprir as dividas, e obrigações q lhe pesso pa ho qual mãdo dar algũ dinheiro. E esta fara VS merce mandar ao Sor Arcebispo de Evora pa q elle seu Arcebispado mande faser e publicar a mesma restauração q os Inquisidores são obrigados a faser, publicarẽ como injustamente fui preso, e cõdenado como ser de certa sciencia q forão tãtos de Evora, e outras partes. do q fiqua claro q todos os males seguintes de hũa falsidade forão injustamẽte causados, e faça VS merce mandar dar ordem q o meu patrimonio seja restitudo, per q não deve cousa algũa a Elrei, e quero q seja per ẽtretanto dado, e q o q se a Molher de Duarte pinto, e filha do Ldo Jorge Nunes de torres vedras não ouvera de deixar o sor Dom Luis de Portugal de ver e ajudar os filhos do doctor Lopo Vaz q lhe afirmo q forão sempre e são mais christãos q elle, e q he elle obrigado a pagar cõsciencia cento e setenta mil rs q a sra condessa devia a meu pai, e isto de dinheiro ẽprestado, ho qual he obrigado o sor Dom Luis a pagar a Diogo d oliveira meu cunhado e os theologos q outra cousa sentirẽ, não sentẽ bem na cõsciencia. O padre frei João de Portugal q ouvera elle mais de crer a experiencia de toda a vida do Doctor Lopo Vaz e seus filhos, q as falsidades causadas per invẽção e ameaços dos Inquisidores, os quais pa remedio de sua salvação tem necesidade de restituirẽ tambem honras, vidas, bens q per meios injustos, e illicitos forão causa, q fossem diminuidos, quãtos injustamẽte ensambenitarão, quãtos queimarão testimunhos falsos, q pa diser mõte, Mestre Alvaro surgião fui condenado e queimado trinta ou quarẽta testimonhas todas falsas, e he isto certo. Cuidavão os Inquisidores de acreditar sua Inquisisão comigo e não fiserão outra cousa q publicar ao mundo minha christandade, e manifestar, e faser notorio a todas as nações as falsidades e juramẽtos falsos q nas Inquisosões de Portugal cada dia se cometẽ, de q os Inquisidores darão a Ds a estreitissima conta q ha no mundo q se ganhẽ bispados a conta de destruir minha honra? a Ds deixo a vingança. O Sor Dom Theotonio de Evora não pagou bẽ a Roma pois retorno das verdades Catholicas q de Roma recebemos, elle lhe pagou livros ou cartapassios de testimunhos falsos, e de falsidades e mentiras q os Inquisidores fiserão diser; q chegão a festejar tãtos falsos testimunhos q ẽvolvendoos velludo carmesim lhe dão o proprio lugar q a igreja Sancta e mai minha, daa e ordem aos Evangelhos de Xpõ Jesu, pa serẽ publicados. Ds vee, aguarda, e dissimula q a VS de longa vida ã seu servisso, e sua gloria. porq per modos injustos causão os Inquisidores jurarẽ huns falso cõtra os outros per isso digo assima q injustamente ẽsambe-nitão, e queimão os mui Catholicos.

Criado Alvaro Vaz Ao Sõr Arcebispo de Lisboa E meu Sõr

Legenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Download XMLDownload textWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow viewSentence view