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Maarten Janssen, 2014-

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1654. Carta de Helena da Costa para o seu marido, Francisco Rodrigues, alfaiate em [Alcácer do Sal].

Author(s)

Helena da Costa      

Addressee(s)

Francisco Ferreira                        

Summary

A autora queixa-se ao marido, acusando-o da sua longa ausência. Conta-lhe também com pormenores os problemas judiciais e económicos por que tem passado.

Text: -


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[1]
Como me dizeis q não tivestes Carta minha não bos torno Culpa o não me esCreveres q ainda se bos as proCuraras as minhas Cartas era forsa q de tantas algũa bos fora
[2]
aguora nesta bos quero avizar de tudo pa saveres o q se pasa
[3]
eu mudeime pa a tore velha pelo sa migel
[4]
tanto q hahi estive Jeronimo preo me vei penhorar en tudo Canto estava na Caza
[5]
dei Conta a voso Conpadre
[6]
ele deu ordem pa se rasgar a penhora
[7]
eles fiCarão a papa na boCa tan grande raiba foi a sua e a de ma fernamdes q não falou mto tenpo o Conpadre e dis os diabos de bos e q numCa aveis de vir a tera
[8]
e anda dizendo a toda a jente pa mo vire dizer pouCo q estais mo espital de lisboa outro pouCo q morestes q ela a min não me salva
[9]
Cando os macaricos virão a penhora feita Cudando q lhe aporveitase e q não tivese eu por onde lhe pugar a eles fizero hũa petição o iuis Como bos fugiras e eu não tinha nada de meu
[10]
botarome fora
[11]
estive Com vosa mai enCanto não aChei Caza
[12]
aguora moro defron de minhas madrinhas aonde morou a grelha
[13]
estou ahi riCamente
[14]
se bos estiveras Comiguo mto milhor
[15]
todos os dias estou olhando se me bateis a porta
[16]
avizaime Cando aveis de vir
[17]
senão vindeme m busCar q se eu não andara prenhe oubera de ir este ome
[18]
mas arisiei de não poder andar e mais eu q mto doente q não me atrevi a ir falar este ome a sua tera o q mto dezejei fazer e mais levarlhe esta Carta
[19]
q Cando me ele levoi a vosa mandouma por moso Como se não qis esperar
[20]
e não fis a senão duas reguaras mas fundada de ir la
[21]
mas iulouos q ando tão doente q me não atrevi
[22]
mandei la minha mai esta dahi a catro dias q me a vosa foi dada
[23]
pesouos mto q me escrevais todos os Coreos e q não pase a pasCoa Como pasei o natal q se não bindes ate antan fazei de Conta q parindo e uindo o marinhoto dou comoguo la q eu devo de parir pa a pasCoa
[24]
não qizera estar sen bos
[25]
binde sen falta nhũa
[26]
não se bos de de dinheiro q ds não he de faltar q eu ainda não bendi nada do q me deixastes nem enpinhei nem por iso me vai milhor
[27]
so ds save o q eu paso
[28]
de dia cozo pa Comer de noute fio pa Cando parir e pa pagar a Camiza e outras meudaies de q bos savias
[29]
o lensiado leite ia não tendes Couza nhũa q o Castinheiro esteve prezo en basto ate pagar
[30]
antam dezia q bos q lhe fizestes hũa asinado en Caza do Chapeu pardo de lhe dares mil rz
[31]
aguora ja não fala niso nem ele não sei aonde anda senpre q numqua o veio
[32]
a voso Conpadre tendes mta obriguasão porq en todos os presos Cando bos partistes
[33]
e outro dia traziavos não sei Cantos testois
[34]
Cando bos não aChou fiCou morto por vos
[35]
enCanto o acupo o aCho mto serto
[36]
ele bos manda mtos reCados
[37]
e vos bos não esquesais dele en todas as Cartas e lhe escrevei o q bos pareser
[38]
vosa mai bos manda mtos reCados e minha mai os mesmos
[39]
a vosa filha hũa abraso mto aroChado jeronimo luis mtos reCados o pridigam mtos
[40]
eu tamen bos mando abraso ainda q bos mo não mandastes e bos peso mto q me não falteis novas vosas
[41]
duas Couzas bos pido desa sidade Cando bos vieres
[42]
q mas traguais hũa pouCa de casa e hõs Corais q he Couza q mto dezejo q bem saveis o fin q. os meus levarão
[43]
e mais pesouos mto Como amiguo q se tiveres portador serto q bos alenbreis de min q paso mtas nesidades e mais a vosa filha na Cama
[44]
bos fis esta Carta q me bai mto mal ja a mto tenpo
[45]
mais bos Conto os mtos traualhões q pasei o desenbraguador q estive arisCada a estar na Cadea
[46]
antam falei a dous omes q falase o desenborguador
[47]
antam dei testemunhous Como bos estavas auzente avia tres mezes
[48]
mea vila esta preza esta alsada
[49]
fiCou Culpado na morte do filho de matias de faria dauinde miranda
[50]
prenderão a mãi dos feijoeiros po da Costa o negro e mtas forsas fizerão por bos
[51]
se souberão aonde bos estavas la ouverão d ir busCarbos
[52]
eu não o qis dizer porq ouve medo q ajurar
[53]
so a vos perCurarão
[54]
ainda alsada aqui esta ainda não esta isto aCabado
[55]
não sei en q a de vir a parar q tam enbrulada esta a vila
[56]
a que ds gde Como dezeio
[57]
não aja falta q me não esCrevais todos os Coreos e perCurai as minhas Cartas
[58]
desta vosa molher ilena da Costa

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